Mudança climática e energia renovável

O papel do cânhamo na transição verde

Publicada em 03/05/2024

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Por Caio Fernando de Campos Lambert

 

O aumento populacional aliado à exploração inadequada dos recursos naturais resultou em uma série de desafios ambientais, incluindo os efeitos estufa. Essas mudanças climáticas desencadearam crises econômicas, ambientais, sociais e energéticas globais. Para enfrentar esses desafios, foram propostas soluções, como o Protocolo de Kyoto, que incentiva o uso de energias renováveis e promove mudanças no paradigma atual rumo à sustentabilidade.

A crise energética e alimentar global exige diversificação e inovação nos métodos de produção, especialmente no setor energético. A busca por fontes alternativas e renováveis tornou-se crucial para garantir o abastecimento sustentável de energia, sendo a energia solar, eólica, de biomassa, hídrica, maremotriz e geotérmica algumas das opções em destaque.

Desde a década de 70, a humanidade tem se preocupado com questões ambientais e o conceito de desenvolvimento sustentável. Esse conceito busca soluções que combinem desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental e qualidade de vida social.

O cânhamo industrial emergiu como uma matéria-prima versátil e renovável, com custos variáveis de produção. A planta pode ser cultivada como uma cultura energética, contribuindo para a produção de biocombustíveis e energia a partir de sua biomassa. O Brasil, líder mundial no uso de fontes convencionais de energia renovável, possui um extenso território agricultável que favorece a produção de matéria-prima verde e capacidade produtiva.

Pesquisadores já destacam o potencial do Brasil na produção de biomassa e energia renovável, com vantagens competitivas e impactos ambientais limitados. A subespécie da cannabis, apresenta alta eficiência no uso do solo e fixação de carbono, otimizando a fertilidade natural dos solos e oferecendo benefícios ambientais.

Além disso, o cânhamo é uma biomassa fitorremediadora, capaz de descontaminar solos e ser utilizado como biochar, sendo empregado como corretivo do solo junto a tecnologias agrícolas, promovendo o sequestro de carbono e enriquecendo a microbiota do solo.

O cultivo dessa cultura não apenas oferece benefícios ambientais, mas também pode impulsionar a economia rural, proporcionando uma fonte adicional de renda para os agricultores. A utilização sustentável do cânhamo pode contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas e promover o desenvolvimento rural sustentável.

No entanto, para explorar plenamente essas possibilidades, é essencial uma regulamentação adequada, o que poderia viabilizar pesquisas, desenvolvimento e inovação, permitindo o avanço tecnológico e a adoção de práticas sustentáveis na produção de energia e biomassa.

A transição para fontes de energia renovável é uma prioridade global e o Brasil possui um grande potencial para liderar esse movimento. O cultivo de cânhamo pode desempenhar um papel fundamental nessa transição, oferecendo uma alternativa sustentável e promissora para o futuro energético do país. 

 

Caio Fernando de Campos Lambert* é engenheiro agrônomo, mestrando em desenvolvimento rural sustentável - PPGDRS - Unioeste e Diretor geral ICT Cannabis Brasil.