No TEDx Amazônia, Dráulio Araújo provoca o pensamento: e se a cura para transtornos mentais estivesse em saberes milenares?

No TEDx Amazônia, o neurocientista Dráulio Araújo destaca o potencial terapêutico da ayahuasca no tratamento da depressão resistente e propõe a integração entre ciência e saberes ancestrais para inovar o cuidado em saúde mental.

Publicada em 17/04/2025

No TEDx Amazônia, Dráulio Araújo provoca o pensamento: e se a cura para transtornos mentais estivesse em saberes milenares?

“É tempo de ampliar o olhar”, diz neurocientista sobre a medicina da floresta (Imagem: CanvaPro)

Foi em plena floresta, ou melhor, na sua representação simbólica mais potente que o neurocientista Dráulio Araújo subiu ao palco do TEDx Amazônia, realizado em Manaus, para apresentar não apenas dados científicos, mas uma convocação ética: está na hora de olharmos com mais seriedade para aquilo que a natureza já oferece há milênios. E não, não se trata de um convite ao misticismo, mas a uma integração necessária entre ciência, medicina e saberes tradicionais.


Em sua fala, Dráulio destacou os avanços da pesquisa brasileira sobre o uso da ayahuasca no tratamento de transtornos mentais, especialmente a depressão resistente aos antidepressivos convencionais. 


Segundo ele, os resultados não apenas surpreendem, mas convidam à humildade. Como explicar que uma substância ancestral, utilizada em rituais indígenas há séculos, tenha impactos terapêuticos tão profundos e rápidos?

 

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Imagem: reprodução do TEDx Amazônia, realizado em Manaus, com o neurocientista Dráulio Araújo.


Mas foi quando comparou o acesso a esse tipo de tratamento às chances de ganhar na Mega-Sena que a plateia foi tomada pelo silêncio reflexivo. O que parecia, à primeira vista, uma metáfora inusitada, revelou-se um alerta: a raridade com que pacientes têm acesso a terapias psicodélicas como a ayahuasca ainda é um reflexo do preconceito institucionalizado e, talvez, do abismo entre o conhecimento acadêmico e as práticas tradicionais.


A fala de Dráulio é um marco, sobretudo por vir de alguém com sólida formação científica e reconhecimento internacional. Ele não propõe uma substituição, mas uma integração: “É tempo de ampliar o olhar”, como ele mesmo pontua. De entender que a saúde mental não se resolve apenas com fórmulas químicas, mas com escuta, contexto e conexão, inclusive com a natureza.


No TEDx Amazônia, mais do que relatar descobertas, Dráulio Araújo desenhou um novo horizonte para a medicina: um onde o cuidado é holístico, a escuta é plural e o futuro da ciência pode muito bem passar por uma xícara de chá servido em roda, à luz da floresta.