Paciente utilizava 70 comprimidos por dia, até encontrar a maconha medicinal
Helen Purcell, portadora de doença de Crohn, artrite enteropática, fibromialgia e outras patologias encontrou na cannabis um alternativa para melhorar sua vida
Publicada em 04/12/2024
Imagem: Canva Pro
Helen Purcell, de 37 anos, residente de Spondon, Inglaterra, lida com múltiplas condições de saúde, como a doença de Crohn, artrite enteropática, fibromialgia, adenomiose e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) complexo. Após décadas de dor constante e tratamentos ineficazes, foi em meados de 2023 que Helen recorreu à cannabis medicinal.
Helen foi diagnosticada com a doença de Crohn em 2008, embora os sintomas tenham se manifestado desde a infância. Ela descreve sua vida como “miserável”, com praticamente todas as partes de seu corpo comprometido. Ao longo dos anos, foram submetidos a diversos medicamentos, chegando a tomar cerca de 70 comprimidos por dia. Muitos desses medicamentos, como a codeína e o Oramorph (ambos derivados do ópio), causaram um impacto severo em sua saúde mental, resultando em uma dependência de opiáceos desde os 15 anos.
Em 2022, enquanto cursava a Universidade de Derby, Helen comentou a extensão de sua dependência e refletiu: “Não acho que as pessoas entendam o tipo de drogas que são prescritas para pacientes como eu diariamente.”
Dependência em medicamentos
A dependência de opiáceos, somada aos efeitos colaterais dos medicamentos, impede Helen de viver plenamente. Ela enfrentou dificuldades de mobilidade, dores constantes, queda de cabelo e desafios com o peso. “Levei uma vida de sofrimento”, desabafou Helen, lembrando ainda de seu passado como moradora de rua na adolescência e os traumas que viveu.
Inicialmente cética, ela não acreditava que a cannabis pudesse ser uma opção no Reino Unido. No entanto, desesperada por rompimento, Helen decidiu experimentar cannabis de forma ilegal para avaliar seus efeitos sobre seus sintomas. “Eu sabia que era ilegal, mas estava tão desesperada que precisava tentar”, relembra. Depois de algum tempo, Helen começou a produzir seus próprios óleos de cannabis e, eventualmente, conseguiu interromper completamente o uso de opioides.
Ao relatar sua mudança para uma psiquiatra, Helen foi encaminhada para um programa de reabilitação, o que a fez se sentir "culpada" e "indignada". No entanto, um assistente social acabou por confirmar que ela não deveria estar no programa, confirmando a ineficácia do encaminhamento.
Luta para se tornar paciente canábica
Determinada a obter uma prescrição legal de cannabis medicinal, Helen conseguiu, após seis meses de espera, sua primeira prescrição no final de 2023. Hoje, ela usa cannabis regularmente, tanto na forma de flor quanto de óleo, contendo THC, o componente psicoativo da plantar. Embora a cannabis não elimine completamente a dor, Helen afirma que a substância aliviou significativamente seus sintomas, permitindo-lhe realizar atividades cotidianas e se concentrar em ser mãe e jornalista.
Helen agora trabalha para uma revista local de cannabis medicinal e espera continuar defendendo a legalização e acesso da cannabis no Reino Unido. "A cannabis me permite ter uma vida melhor. Espero que mais profissionais percebam seu potencial médico, para que outras pessoas como eu não precisem esperar tanto por um tratamento adequado.".
Conteúdo publicado originalmente em Derbytelegraph