Pesquisa mostra perfil dos pacientes: 35,5% utilizam cannabis para tratar dor crônica no Brasil

A pesquisa também mostra a idade; via de acesso; traz dados demográficos

Publicada em 01/10/2024

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Imagem: FreePik

Entre os pacientes de cannabis medicinal no Brasil, 35,5% utilizam derivados da planta para o tratamento da dor crônica, condição que pode ser causada por patologias como fibromialgia, lombalgia, enxaqueca, artrite, artrose e dor oncológica. A dor crônica ocupa o primeiro lugar entre os usos medicinais da cannabis no país.

A saúde mental, representada por tratamentos de ansiedade, insônia, estresse, depressão, transtorno pós-traumático e burnout, foi indicada como o segundo motivo mais frequente para o uso de cannabis. Doenças neurológicas, transtornos de neurodesenvolvimento e transtornos convulsivos completam os cinco principais usos da planta.

Além das patologias tratadas, a pesquisa online, realizada pelo Portal Cannabis & Saúde, também investigou o nível de satisfação dos 1.016 entrevistados com o tratamento, a idade dos pacientes, vias de acesso aos produtos e outras informações.

 

Tratamento com cannabis

 

Entre os participantes da pesquisa, 65,6% adquirem seus medicamentos por meio de importação, conforme as diretrizes da RDC 660 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Cerca de 23% obtêm acesso através de associações, 5,5% compram em farmácias e 4,9% optam pelo autocultivo.

Em termos de investimento, a pesquisa revelou que 26% dos pacientes gastam entre R$ 300 e R$ 500 por mês em produtos à base de cannabis, enquanto 23% gastam entre R$ 200 e R$ 300, e 19% investem até R$ 200 mensais.

Quanto à satisfação com o tratamento, 42,8% dos pacientes relataram estar extremamente satisfeitos, 42,6% satisfeitos, 9,7% neutros, 3,3% insatisfeitos e 1,5% extremamente insatisfeitos.

 

Perfil do paciente

 

Segundo a pesquisa, as mulheres (62,3%) são maioria entre os pacientes que utilizam cannabis medicinal no Brasil. A faixa etária predominante entre os usuários é de 55 a 64 anos (23,5%), seguida por pessoas de 45 a 54 anos (15,8%), de 35 a 44 anos (15,5%) e de 65 a 70 anos (13,3%).

São Paulo lidera o número de pacientes, com quase 40%, seguido pelo Rio de Janeiro (14,4%), Minas Gerais e o Distrito Federal, ambos com cerca de 10%.

Entre os pacientes que utilizam medicamentos à base de cannabis, 31% estão em seu primeiro ou segundo ano de tratamento. Mais de 25% fazem uso há menos de seis meses, enquanto cerca de 5% utilizam a cannabis medicinal há mais de cinco anos. A telemedicina (54,3%) é a modalidade preferida para consultas, superando as consultas presenciais (45,7%).

 

Apontamentos

 

Quando questionados sobre o “maior desafio da cannabis medicinal no Brasil”, 53,1% apontaram o preço dos produtos. A regulamentação e leis não concluídas foram citadas por 31,6% dos entrevistados, enquanto 8,9% mencionaram a segurança e a qualidade dos produtos como um desafio.

De acordo com os pesquisadores, estudos como este podem orientar tanto pacientes quanto médicos e dentistas, profissionais habilitados a prescrever cannabis medicinal. Além disso, o levantamento contribui para ampliar o número de informações disponíveis sobre o tema.