Pesquisadores afirmam que elevar idade legal da cannabis para 25 anos é mito, não ciência
Nova pesquisa revisa evidências e contesta ideia de que o cérebro só amadurece completamente aos 25 anos; especialistas defendem informação e diálogo sobre o uso responsável, especialmente na adolescência
Publicada em 19/11/2025

Novo estudo revisa evidências e derruba mito sobre idade ideal para uso da cannabis | CanvaPro
Quando o relógio marca 25 anos como nova “barreira de segurança” para o uso recreativo da cannabis, pesquisadores dizem que o cronômetro talvez esteja errado e que, ao colocar esse limite, corremos o risco de confundir mito com ciência.
Um estudo publicado no American Journal on Drug and Alcohol Abuse conclui que “não há razão para aumentar a idade legal para uso de cannabis para 25 anos”.
A pesquisa revisou a literatura científica sobre desenvolvimento cerebral e consumo de cannabis em jovens adultos, e não encontrou evidências sólidas de que o uso entre 18 e 25 anos seja mais prejudicial do que após essa faixa etária. “Invocar os 25 anos como linha definitiva de maturidade do cérebro não é apoiado pela neurociência”, escrevem os autores do artigo. “Políticas de regulação devem se basear em evidência e justiça, não em suposições.”
De acordo com o Marijuana Moment, os pesquisadores apontam que os principais marcos de maturação cerebral, como conectividade neural e funções executivas, se consolidam entre os 18 e 21 anos, idade em que, inclusive, já se permite o consumo de álcool em diversos países. Elevar o limite legal para 25, portanto, teria pouco respaldo técnico e poderia reproduzir uma lógica moralizante, não científica.
Córtex em construção: o cuidado segue sendo essencial
Por outro lado, quando o assunto é adolescência, o olhar da ciência é claro: o cérebro ainda está em plena transformação, e o uso precoce da cannabis pode afetar processos importantes.
Em maio deste ano, publicamos a matéria: “Córtex em construção: o que pais precisam saber sobre cannabis e adolescência”, e reforçamos que o córtex pré-frontal, região responsável por decisões, planejamento e controle de impulsos, passa por uma reorganização neural nessa fase. Segundo especialistas ouvidos, a exposição precoce a altas doses de THC pode interferir na maturação dessa região, especialmente em indivíduos com predisposição genética ou histórico familiar de transtornos mentais.
“A adolescência é um período de vulnerabilidade, e isso não significa proibição cega, mas sim informação, escuta e presença dos pais”, explica um dos especialistas entrevistados pela reportagem.
A matéria ainda destaca uma distinção essencial: o uso medicinal da cannabis é diferente do uso recreativo. O tratamento terapêutico segue protocolos clínicos, predominância de canabidiol (CBD) e controle rigoroso das concentrações de THC, com acompanhamento profissional.
Uma questão de equilíbrio
Em síntese, o estudo citado pela Marijuana Moment indica que não há respaldo científico para elevar o limite de idade legal de consumo da maconha para 25 anos.
O debate, portanto, deve ser menos sobre números e mais sobre educação, políticas públicas e redução de danos.
Enquanto isso, a adolescência continua sendo um terreno que pede atenção e diálogo. O cérebro em construção não precisa de proibições arbitrárias, mas de cuidado, contexto e consciência, os verdadeiros alicerces de uma sociedade que escolhe regular com base em evidência, e não em medo.
O que diz a ciência sobre idade e cannabis
18 a 21 anos: segundo o novo estudo, é nesse intervalo que o cérebro atinge seus principais marcos de maturação.
25 anos: não há evidências robustas de que o uso de cannabis até essa idade gere danos significativos adicionais.
Adolescência (<18 anos): fase de vulnerabilidade para o córtex pré-frontal, especialmente com produtos ricos em THC.
Uso medicinal ≠ uso recreativo: tratamentos terapêuticos envolvem acompanhamento médico e controle de dosagens.
Com informações de Marijuana Moment.



