Proibição do HHC na Espanha: conheça os canabinoides banidos e os impactos no mercado

A Espanha proibiu o HHC e outros canabinoides. Veja o que mudou com a nova lei, as substâncias afetadas e o que isso revela sobre o futuro da cannabis.

Publicada em 29/04/2025

Proibição do HHC na Espanha: conheça os canabinoides banidos e os impactos no mercado

Saiba o que mudou com a nova lei espanhola e as substâncias mais afetadas (Imagem: CanvaPro)

Num movimento que acende um alerta sobre o futuro dos canabinoides no mundo, a Espanha anunciou oficialmente a proibição do HHC (hexahidrocanabinol) e de outros compostos derivados da cannabis. 

A decisão, que altera o Decreto Real 2829/1977, marca uma virada importante no debate sobre as novas fronteiras da cannabis na Europa e levanta dúvidas: afinal, o que está realmente proibido? E o que muda para quem acompanha de perto o cenário canábico?


Proibição do HHC na Espanha: quais substâncias foram afetadas?


O Ministério da Saúde espanhol atualizou sua lista de substâncias psicotrópicas proibidas, seguindo uma tendência iniciada pela ONU ao incluir o HHC na Lista II de narcóticos. Apesar dele reconhecer o potencial médico, veta o uso recreativo.


A nova regulamentação atinge não apenas o HHC, mas também outros canabinoides semissintéticos, como:


HHC-O (acetato de HHC),
HHCP (hexahidrocanabiforol),
HHCP-O (acetato de HHCP),
Delta-8-THCP (JWH 091),
Delta-9-THCP (THCP),
THCP-O (acetato de delta-9-THCP),
THC-O (acetato de delta-8-THC),
Delta-8-THC-C8,
Delta-9-THC-C8,
H4-CBD (tetrahidrocanabidiol).


A partir da publicação no Diário Oficial, a comercialização de produtos contendo essas substâncias está oficialmente proibida em todo o território espanhol, tanto em lojas físicas quanto online.


Por que o HHC entrou na mira das autoridades?


O HHC é um canabinoide "menor" encontrado naturalmente em pequenas quantidades nas sementes da cannabis. Porém, para fins comerciais, ele costuma ser produzido de forma semissintética em laboratório. Até pouco tempo atrás, circulava em uma espécie de "zona cinzenta" legal, sendo promovido como uma alternativa menos regulamentada ao THC.


A recente decisão da ONU chamou mais atenção para o HHC no cenário internacional, abrindo caminho para que países como a Espanha endurecessem suas políticas.


Apesar da nova regulamentação, especialistas alertam que a proibição do HHC na Espanha pode ter um efeito limitado. Araceli Manjón, especialista em controle internacional de drogas, explicou ao jornal El Salto que a criação de novas substâncias psicoativas é mais rápida do que os processos legais conseguem acompanhar.


Isso significa que, enquanto algumas moléculas são proibidas, outras ainda não mencionadas na legislação, podem surgir para ocupar o espaço deixado pelas anteriores. “Sempre haverá uma brecha para a inovação química”, pontuou Manjón.


Um caminho possível: regulamentar a cannabis de forma integral
Diante dessa corrida entre química e legislação, muitos defendem que uma regulamentação mais ampla, baseada em evidências científicas sobre a planta da cannabis, seria uma solução mais eficaz do que proibições pontuais.


No entanto, esse cenário ainda parece distante na Espanha, onde o tema segue cercado de resistência política e social.


Com a proibição do HHC na Espanha, é provável que outras nações europeias sigam o mesmo caminho nos próximos meses. Para quem acompanha o mercado de cannabis, é preciso ficar atento a legislação internacional, que tem mudado com mais rapidez e, principalmente, observar o futuro dos canabinoides "alternativos" que ainda será pauta de muitos debates.