Estresse virou rotina, mas não precisa ser destino...

Acordar, se vestir, pegar trânsito, bater ponto, dar conta de tudo e mais um pouco. Para milhões de pessoas, esse é o ritual diário de um mundo que gira mais rápido do que a gente consegue acompanhar. O tempo parece sempre faltar, a pressão é constante e até o que deveria ser leve virou peso. Se outrora o campo e o silêncio das manhãs ditavam o compasso da vida, hoje é o som das notificações e o cronômetro do despertador que marca a largada. E muitas vezes, isso cansa! 

Em comparação aos tempos em que se lavrava a terra com as mãos e se tinha o céu como teto, a vida moderna tem nos colocado à beira do colapso. A ansiedade passou a fazer morada no corpo. O cansaço, esse novo idioma da cidade, se espalha até entre os que sorriem nas redes. E, nesse cenário, cresce a busca por estratégias para não sucumbir à exaustão. 

E, por conta desse “problema” imenso que afeta nossa saúde mental, mais uma vez, a cannabis, com seus compostos terapêuticos, desponta como uma aliada nesse resgate da calma. E se a natureza oferece, em sua forma mais simples, uma planta capaz de aliviar esse peso cotidiano, por que não considerá-la?

Nesse caminho, a medicina também tem se aberto para novas possibilidades, mas com responsabilidade. A médica clínica geral Dra. Marianna Coimbra Arzamendia, que acompanha pacientes que utilizam cannabis medicinal no tratamento do estresse e da ansiedade, ressalta: “Evidências científicas demonstram que os fitocanabinoides, especialmente o CBD, atuam no sistema endocanabinoide modulando a resposta ao estresse e promovendo redução significativa da ansiedade, com perfil seguro e bem tolerado”.

O mais importante, segundo a médica, é fazer um uso responsável da cannabis medicinal nestes tratamentos. “É fundamental frisar que a cannabis não é uma panaceia e não deve ser utilizada sem acompanhamento médico, nem como substituição automática das medicações já prescritas”, esclarece.

Estresse: uma epidemia silenciosa

Uma pesquisa encomendada pela empresa americana CBDfx, em parceria com a Talker Research, mostra o que muitos já sentem no corpo: o estresse está mais presente  e mais forte. O estudo ouviu 2 mil americanos que já experimentaram CBD ou THC e revelou que 67% deles sentem-se mais estressados hoje do que há apenas cinco anos. A rotina acelerada, as incertezas econômicas e as pressões cotidianas são apenas parte dessa equação.

Entre os principais gatilhos apontados pelos entrevistados estão o aumento dos preços (47%), o trânsito caótico (40%) e até falhas simples de comunicação (39%). Mas a pesquisa também revelou os chamados "microestressores", aqueles incômodos diários quase invisíveis que minam a paciência e a saúde emocional: ver alguém que não se quer encontrar, receber visitas inesperadas, ouvir mastigações altas ou encarar uma conexão de Wi-Fi lenta.

THC e CBD: quando a planta ajuda a desacelerar

Os dados da pesquisa são expressivos: os usuários de THC relataram uma redução de 68% nos níveis de estresse, enquanto quem utilizou produtos com CBD observou uma queda média de 54%. A constatação não surpreende Jameson Rodgers, cofundador da CBDfx: “O efeito calmante do CBD ao interagir com o sistema endocanabinoide do corpo é notável. O THC também contribui, com benefícios naturais para o humor, sendo uma alternativa poderosa no combate ao estresse”, diz.

A pesquisa ainda mostra que 30% dos entrevistados usam THC diariamente, e 20% recorrem às gomas de CBD. Mais da metade acredita que o estigma em torno desses produtos diminuiu nos últimos dez anos e que mais pessoas poderiam se beneficiar se consumissem essas substâncias de forma consciente e medicinal.

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No Brasil, o estresse também tem rosto e endereço

O cenário americano não está distante da realidade brasileira. Um levantamento inédito da Blis Data, que será divulgado em agosto, revela que 60% dos 25 mil brasileiros entrevistados vivem em estresse crônico. Os números impressionam:
 

* 66% acordam já estressados

* 40% enfrentam crises de pânico

* 51% relatam perda de memória

* 43% vivem dias com tristeza quase constante

A faixa mais afetada é a dos 40 anos, momento da vida em que se espera estabilidade, mas que tem carregado os maiores índices de insônia e burnout. Curiosamente, a maioria dos entrevistados leva uma rotina ativa: 90% trabalham, 70% são casados e 71% praticam atividade física regularmente. Ainda assim, 65,3% dos que se sentem esgotados são homens e 53% recorrem ao álcool como válvula de escape.

Entre as cidades com maior incidência de estresse estão São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Florianópolis, Curitiba e, logo atrás, Campinas. O Distrito Federal lidera proporcionalmente o índice de esgotamento emocional.

Dormir também virou desafio

Além de afetar o humor e a produtividade, o estresse tem comprometido a qualidade do sono. Segundo o estudo da CBDfx, 77% dos americanos afirmam dormir mal por conta do estresse. Como resposta, muitos adotaram produtos com CBD ou THC como auxílio noturno. Em média, os entrevistados tomam gomas de CBD três vezes por semana, e 16% usam todas as noites. O uso de produtos com THC também é comum: 29% consomem diariamente.

Rodgers explica que os compostos atuam de forma sinérgica com ingredientes naturais, como melatonina e camomila, ajudando a induzir um estado de relaxamento necessário para o descanso real. “Quando estamos cansados, tudo pesa mais. Dormir bem é um pilar da saúde emocional e a cannabis pode ajudar nesse processo com suavidade e equilíbrio”, comenta.

Uma pausa para respirar

A vida contemporânea cobra resiliência, produtividade, controle. Mas talvez o que estejamos precisando mesmo seja de pausa. De descanso que acolhe, não de sono interrompido por notificações. De silêncio que cura, não de barulhos que irritam. E se a natureza oferece, em sua forma mais simples, uma planta capaz de aliviar esse peso cotidiano, por que não considerá-la?

O CBD e o THC não prometem milagres. Mas podem ser ponte. Um caminho entre o colapso e a calma. Entre a exaustão e o equilíbrio. Entre o mundo que corre e o tempo que respira.