Saberes ancestrais e o risco da invisibilidade na era da legalização dos psicodélicos
Povos originários alertam para o risco de exclusão em debates sobre a legalização dos psicodélicos e pedem respeito aos saberes ancestrais
Publicada em 21/10/2025

Povos originários pedem voz nas discussões sobre a legalização dos psicodélicos | CanvaPro
Quando plantas e substâncias ligadas à espiritualidade saem das florestas para os corredores da legislação moderna, é imprescindível que a voz de quem preservou esse saber ancestral seja ouvida. É o caso dos povos originários, cuja sabedoria sobre os enteógenos foi moldada há séculos, e que agora veem suas práticas e territórios em jogo conforme se discute a legalização de psicodélicos, conforme informações do El Planteo.
Vozes que não podem ficar fora da conversa
Em um cenário global em que substâncias como a psilocibina, a mescalina (presente no Peyote) e a ayahuasca são cada vez mais debatidas para fins terapêuticos ou recreativos, muitos alertam: a trajetória do mercado de cannabis mostra como a regulamentação pode excluir justamente quem contribuiu historicamente com esse conhecimento, no caso, os povos originários.
Essas comunidades pedem, antes de qualquer norma, ou ao mesmo tempo, que sejam reconhecidas como interlocutoras essenciais, que sua soberania seja respeitada e que seus conhecimentos não sejam mercantilizados sem consentimento.
Riscos, reflexões e caminhos possíveis
Há mais do que simples debates sobre “legal” ou “ilegal”: estão em jogo a conservação de territórios, o respeito à medicina tradicional, e o direito de decidir sobre rituais e plantas sagradas. Por exemplo: o peyote está em risco não apenas por questões legais, mas também por pressões de mercado e ambientais.
Algumas comunidades não buscam entrar no “mercado legal” como concorrentes, o que desejam, de fato, é que seu conhecimento seja respeitado e que não sejam obrigadas a seguir os moldes de regulação capitalista para continuarem existindo e praticando seus rituais.
Por isso, a construção de políticas que envolvam psicodélicos precisa contemplar: consulta prévia e informada, caminhos claros de participação para comunidades originárias, reconhecimento de seus usos e saberes específicos, e resguardo de suas terras e práticas, antes que sejam “reguladas” sem terem sido ouvidas.
Com informações de El Planteo.



