Variedade macho e fêmea: diferenças e o impacto no cultivo
Descubra como identificar os sexos da cannabis, quais são suas utilidades e por que a distinção é essencial no cultivo
Publicada em 26/08/2025

O sexo da planta é definido por cromossomos heteromórficos: o macho apresenta cromossomos XY (heterogamético), enquanto a fêmea é XX (homogamético). Imagem: Canva Pro
Assim como acontece com a maioria dos seres vivos, a planta de cannabis possui gêneros masculino e feminino. Essa diferença é fundamental para o cultivo, já que apenas as plantas fêmeas produzem brotos com alto teor de tetrahidrocanabinol (THC).
Somente as plantas femininas são capazes de gerar flores potentes, com alto teor de THC. Já as plantas macho têm valor limitado no consumo, pois apresentam baixíssima concentração de canabinoides psicoativos.
Diferenças entre os sexos
Do ponto de vista morfológico e genético, a cannabis masculina e feminina possuem características bem distintas. O sexo da planta é definido por cromossomos heteromórficos: o macho apresenta cromossomos XY (heterogamético), enquanto a fêmea é XX (homogamético).
Na prática, a planta fêmea possui pistilos — pequenos fios brancos que surgem dos nós do caule — visíveis já nas primeiras semanas de crescimento. Suas flores concentram altos níveis de canabinoides, terpenos e flavonoides, elementos responsáveis por seus efeitos terapêuticos e recreativos.
O macho, por outro lado, desenvolve sacos de pólen em uma estrutura chamada estame. Quando abertos, eles liberam pólen no ar para fertilizar as fêmeas. Como apresentam baixas concentrações de canabinoides e terpenos, os machos são pouco aproveitados nos mercados medicinal e recreativo, sendo mais comuns em aplicações industriais.
Utilidade das plantas
As plantas fêmeas têm uso amplamente difundido. Graças à alta concentração de canabinoides, elas são aplicadas em tratamentos para condições como insônia, enxaqueca, cólica, ansiedade, Parkinson, Alzheimer e epilepsia, entre muitas outras.
Essa variedade de aplicações se deve à interação dos canabinoides com o Sistema Endocanabinoide, responsável por manter o equilíbrio do corpo e regular funções fisiológicas que envolvem sistemas como o endócrino, o cardiovascular e o imunológico.
Já os machos são mais valorizados pelo setor industrial. Eles produzem fibras resistentes e rígidas, utilizadas na fabricação de tecidos, papel, absorventes, tijolos, concreto, adubo, argamassa e até matérias-primas químicas, como tintas, selantes e plásticos.
Usar plantas macho no cultivo é bom?
Para fins medicinais e recreativos, os machos são indesejados. Além de não produzirem flores ricas em THC, eles podem polinizar as fêmeas, comprometendo a qualidade da colheita. Uma vez fertilizadas, as plantas femininas passam a concentrar energia na produção de sementes em vez de flores, o que reduz o potencial dos brotos.
Outro problema é o espaço: plantas masculinas competem com as fêmeas, dificultando o pleno desenvolvimento. Por esse motivo, cultivadores experientes preferem utilizar sementes feminizadas, que garantem a predominância de plantas fêmeas no cultivo.
Como identificar cannabis masculina e feminina
A maneira mais eficaz de distinguir os sexos é observar os nós da planta, onde os ramos se ligam ao caule. Os machos desenvolvem sacos polínicos, enquanto as fêmeas apresentam estigmas — os pequenos fios brancos responsáveis por capturar o pólen.
O ideal é realizar essa identificação entre a quarta e a sexta semana de crescimento, antes do início do ciclo reprodutivo.
Outras utilizações dos machos
Apesar de pouco explorados, os machos também podem ser aproveitados em preparações alternativas. Eles contêm canabinoides em quantidades menores, mas ainda assim podem ser usados para a produção de infusões, sucos e até do chamado “leite de cannabis”.
Também é possível extrair óleo de cannabis a partir dos machos, utilizando métodos como QWISO (extração com álcool isopropílico) ou infusão em óleos vegetais, como azeite de oliva e óleo de coco.
Plantas hermafroditas
Além da planta masculina e feminina, existem ainda as plantas hermafroditas, que apresentam órgãos sexuais dos dois gêneros. Esse fenômeno costuma ocorrer quando uma planta fêmea é submetida a estresse excessivo, como danos físicos, deficiências nutricionais, pragas, doenças ou condições climáticas extremas.
As hermafroditas representam um risco para todo o cultivo, já que podem polinizar as demais plantas. Por isso, é fundamental monitorar a plantação e remover exemplares que apresentem essa característica.
Com informações de El Planteo