Cannabis medicinal soma 37,5% das autorizações de importação só em SP

"Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro registram o maior número de autorizações porque muitas vezes são os estados que têm mais médicos e universidades", declara o diretor-executivo da BRCann, Tarso Araújo

Publicada em 08/12/2021

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Curadoria e edição Sechat, com informações de Poder360

São Paulo tem a maior taxa de pacientes em números absolutos autorizados a importar a Cannabis medicinal. O Estado sudestino representa 37% do total, seguido pelo Rio de Janeiro (17,8%) e Minas Gerais (7,5%).

"Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro registram o maior número de autorizações porque muitas vezes são os estados que têm mais médicos e universidades (aptas ao estudo da cannabis medicinal)", declara o diretor-executivo da BRCann (Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides), Tarso Araújo.

Desde 2019, a Anvisa libera a venda de produtos à base de Cannabis em farmácias do país.

No entanto, a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) 327/2019 estabelece que a venda será restrita à prescrição médica e retenção de receita, e só poderá ser realizada em farmácias e drogarias.

O plantio de Cannabis para pesquisa e produção de medicamentos foi barrado pelos diretores da agência reguladora, o que vem causando a judicialização de vários processos para garantir esse direito.

DISTRITO FEDERAL

A Capital aparece na frente com 35 pacientes no rol de concessões da Anvisa quando se analisa o número de pessoas a cada 100 mil habitantes. O número representa quase 3 vezes mais do que a média brasileira de 9 pacientes a cada 100 mil habitantes.

O levantamento classifica o grupo em pacientes porque tem autorização de uso do CBD com prescrição e orientação médica.

‘O Distrito Federal provavelmente puxa a lista das unidades federativas com a maior densidade de pacientes porque além de ser uma UF com poder aquisitivo alto, a 1ª paciente a conseguir autorização para importar a cannabis medicinal legalmente para o Brasil foi a Anny Fischer, que é de Brasília. Então acho que eles contribuíram muito para conscientização’, disse o diretor-executivo da BRCann.

Em entrevista ao Poder360, Katiele Fischer, de 40 anos, disse que a família ‘teve que quebrar o próprio preconceito’ quando soube que teria que fazer uso da maconha medicinal em sua filha caçula Anny, de 13 anos.

No dia 24 de novembro, em 1 ato a favor do uso medicinal da maconha, Katiele defendeu o tratamento e disse que, graças ao CBD, a qualidade de vida de Anny é garantida.

Atualmente, o Brasil tem 41.100 pessoas autorizadas a importar os derivados do CBD, sigla para canabidiol. A substância é um componente da Cannabis, nome científico da planta de cannabis.

PANORAMA GERAL

A pesquisa mostra a evolução de novas autorizações para importação de produtos à base de cannabis de 2015 a 2021.

Os números deste ano, coletados de janeiro a agosto de 2021 (19.145), superaram o total de 2020 (15.566) no ano passado.

Essa é a maior taxa desde o início da série histórica iniciada em 2015 -quando registrava 781 concessões.

FAIXA ETÁRIA

O relatório indica ainda as autorizações por faixa etária. Os dados mostram que o número de crianças (0 a 10 anos) com a concessão caiu para mais da metade de 2015 (51%) a 2019 (21%).

No estrato que considera idosos (65+), por outro lado, o total foi triplicado em 4 anos, passando de 7 a 21.

"Em 2015, as prescrições de pacientes com até 10 anos era 50%; hoje são só 20%. Enquanto que a dos idosos era cerca de 6% e agora é quase 24%. Ou seja, a participação dos idosos no total de autorizações concedidas por ano aumentou e desde 2019 é maior do que a dos pacientes pediátricos".

Tarso analisa que a demanda no estrato de idosos está aumentando principalmente pelo maior número de indicações sobre a cannabis.

"Há alguns anos se prescrevia cannabis medicinal para crianças com epilepsia. Hoje em dia entretanto, sabem-se outros benefícios do tratamento, como dor crônica, doença de Parkinson, mal de Alzheimer, ansiedade e depressão", conclui o diretor da BRCann.