A evolução da educação canabinoide no Brasil

A evolução da educação endocanabinoide no país é um reflexo do avanço científico e da crescente aceitação das terapias baseadas na cannabis e seus derivados

Publicada em 19/07/2024

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Os canabinoides são uma classe de compostos químicos que ativam proteínas que permitem a interação das substâncias da planta com o metabolismo das células | Imagem: Vecteezy

Nos últimos anos, a educação canabinoide no Brasil tem avançado de forma significativa, refletindo o crescente interesse e reconhecimento da importância do Sistema Endocanabinoide (SEC) no campo da saúde e da medicina. Essa evolução é marcada pela inclusão da disciplina em universidades e pelo surgimento de diversos cursos particulares em todo o país. 

A evolução dos tratamentos com os produtos derivados da planta Cannabis sativa exige atualização e preparo dos profissionais habilitados para que acompanhem o ritmo do desenvolvimento dessa terapêutica no país. 

Segundo a psiquiatra Ana Hounie, apenas a literatura científica não é suficiente para ensinar as etapas do atendimento já que a medicina endocanabinoide exige muita experiência na prática clínica. 

“Eu diria que os melhores cursos são aqueles ministrados não apenas por quem tem experiência em análise de artigos científicos de forma crítica, mas também por quem possui vasta experiência clínica. A medicina canabinoide é muito personalizada e o que está disponível na literatura científica não dá conta de ensinar tudo". 

 

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 Ana Hounie é psiquiatra e palestrou no Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal 2024 em São Paulo | Imagem: Arquivo Pessoal


 

Presença em universidades

 

Atualmente, a disciplina de educação endocanabinoide está presente em um número restrito de instituições de ensino brasileiras. Segundo levantamento recente, existem pelo menos 2 universidades que oferecem essa disciplina em seus currículos de cursos de medicina e veterinária, sendo elas a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), respectivamente. Além disso, outras faculdades como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), por exemplo, oferecem cursos sobre o uso medicinal da cannabis de forma facultativa, isto é, não necessariamente para estudantes da área de saúde. Essa inclusão representa um avanço crucial para a formação de profissionais da saúde mais bem preparados para lidar com terapias baseadas em canabinoides, contudo, especialistas como a médica com amplo conhecimento no tema, Dr. Carolina Nocetti explica em bate papo no DeusaCast.

Veja trecho da entrevista ao Deusa Cast:

 

 

Crescimento de cursos particulares

 

Além das universidades, há um aumento significativo na oferta de cursos particulares voltados para a educação endocanabinoide. Em 2015, quando os produtos medicinais à base de cannabis surgiram no Brasil por meio da regulamentação 660 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regula a importação de produtos derivados da planta, não foram encontrados relatos de cursos sobre o tema. Atualmente, segundo levantamento feito pela plataforma Sechat, existem cerca de 40 cursos especializados, oferecidos por diversas instituições e academias no Brasil. Esses cursos abrangem desde introduções básicas ao sistema endocanabinoide até programas avançados de pesquisa e aplicação clínica.

Um dos marcos importantes desse desenvolvimento foi a criação do Sechat Academy, curso imersivo para prescrição de canabinoides na prática clínica, liderado pelo neurocirurgião e diretor científico do portal, Dr. Pedro Pierro, que tem contribuído para a pesquisa e disseminação de conhecimento sobre o SEC.  

“À medida que aumentam os casos de Dor crônica, Parkinson, Alzheimer e Epilepsia, dentro e fora do país, evoluem os estudos e pesquisas cientificas comprovando a efetividade do tratamento por meio de produtos derivados da cannabis para essas e outras patologias. Por isso, o objetivo do curso é permitir que médicos saibam prescrever com segurança produtos derivados da cannabis para diferentes casos, por meio de metodologia ativa e imersiva”, destaca Pierro.  

Mesmo com o avanço no campo da educação, a adesão de profissionais médicos ainda é baixa. No país, apenas 8% dos médicos conhecem o sistema endocanabinoide e apresentam condições técnicas para prescrever com segurança os produtos derivados da planta. Outro ponto que chama a atenção é a falta de segurança dos profissionais para fazer o acompanhamento clínico de diferentes patologias. Por outro lado, existe uma demanda crescente de pacientes. Mais de 60 milhões de brasileiros sofrem com algum tipo de doença que pode ser tratada de forma eficaz com o uso medicinal da cannabis. 

 

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Rodrigo Fonseca Martins, médico psiquiatra e aluno da Sechat Academy 2024

 

Segundo Rodrigo Fonseca Martins, médico psiquiatra que participou do curso da Sechat Academy, uma dor dos profissionais de saúde, muita das vezes, e não ter um acompanhamento após passarem por algum tipo de capacitação, o que na visão do mesmo, essa imersão oferecida pela plataforma Sechat, contribui para seu melhor desenvolvimento na terapia canábica.  


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