A ibogaína pode contribuir no combate ao alcoolismo?
Estudo relatou melhorias significativas no tratamento do alcoolismo, principalmente no tratamento de ansiedade, depressão e abstinência
Publicada em 11/12/2024
Imagem: Canva Pro
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o alcoolismo é uma doença crônica que pode levar a complicações graves, como cirrose e hepatite. Apesar do consumo de álcool ser amplamente aceito e facilmente acessível, o alcoolismo continua sendo uma das maiores preocupações de saúde pública.
Um estudo recente realizado com 58 pacientes dependentes de álcool buscou avaliar os efeitos da ibogaína na redução dos sintomas de abstinência e na melhora da saúde mental dos participantes. A média de consumo dos pacientes foi de 42 doses semanais, com muitos problemas de vício há quase 20 anos.
O tratamento consistiu em um programa intensivo de 10 a 14 dias, no qual os pacientes foram acompanhados de perto e receberam doses personalizadas de ibogaína. Os resultados foram promissores, mostrando uma redução significativa nos sintomas de ansiedade, depressão e abstinência de álcool.
- Ansiedade: Redução média de 49% nos níveis relatados após o tratamento.
- Depressão: Diminuição de 69%, passando de moderada a grave para mínima ou inexistente.
- Abstinência de álcool: Redução de 77%, aliviando sintomas físicos e psicológicos comuns no processo de desintoxicação.
O que é ibogaína?
A ibogaína é uma prática utilizada em rituais espirituais na África Central. Na década de 1960, uma substância despertou interesse no Ocidente por seus efeitos na redução do vício em opioides. Desde então, tem sido estudado como um tratamento potencial para transtornos de uso de substâncias, incluindo o alcoolismo.
Estudos iniciais sugerem que a ibogaína pode ajudar a reduzir o consumo de álcool. A substância parece promover a neuroplasticidade no cérebro, criando um "período crítico" em que o cérebro se torna mais adaptável à formação de novos hábitos, facilitando o rompimento com o vício.
Como a ibogaína auxilia na recuperação?
A ibogaína atua diretamente no cérebro, permitindo uma reflexão profunda sobre o vício. Durante o período de neuroplasticidade, os pacientes têm maior facilidade em reestruturar seu relacionamento com o álcool, diminuindo as chances de recuperação. Enquanto outros psicodélicos, como a psilocibina, induzem essa plasticidade por até duas semanas, os efeitos da ibogaína podem durar até quatro semanas, proporcionando uma janela maior para a recuperação.
Embora os resultados sejam promissores, o uso da ibogaína não é isento de riscos. Como o estudo se baseia em dados auto-relatados, ainda é necessário que os resultados passem por uma revisão científica mais aprofundada, destacam os pesquisadores.
Recentemente, Sergey Brin, cofundador do Google investiu US$ 15 milhões na empresa Soneira, para a realização de uma pesquisa com ibogaína. o uso desta substância tem se mostrado promissor para tratamentos, principalmente de abstinência.