Quando a psilocibina acalma o fim: um sopro de paz para pacientes terminais
Pesquisas indicam que a psilocibina pode oferecer serenidade a pacientes em fim de vida, unindo ciência, empatia e um novo olhar sobre o morrer
Publicada em 07/11/2025

A psilocibina surge como alternativa terapêutica para reduzir a angústia e promover paz interior em pacientes terminais | CanvaPro
Naquele instante em que o tempo parece pingar, gota a gota, na ampulheta da vida, aparece uma possibilidade diferente. Segundo o site Cáñamo, um caso clínico documentado no Canadá mostra que uma única sessão de terapia assistida com psilocibina reduziu de forma sustentada a ansiedade e a depressão num paciente oncológico terminal.
O homem, de 51 anos, com câncer de pulmão metastático, vivia sob o peso de um sofrimento que parecia irreversível, apesar do tratamento psicoterapêutico e farmacológico convencional.
Na mesa uruguaia onde se contempla o que resta, a psilocibina emergiu como um fogo brando para aquecer os corpos frios da angústia. Administrada por via oral, em ambiente domiciliar, às mãos de equipe interdisciplinar e antecedida por preparo e seguida por integração psicológica, a experiência trouxe uma transformação visível: os indicadores de ansiedade e depressão caíram. E permaneceram baixos pelos dois meses seguintes.
Mas não se engane: não se trata de uma panaceia milagrosa. É um sopro de vida num cenário difícil, que nos exige olhar com respeito, ética e humanidade.
Para além da data de validade
Os autores do estudo lembram que o verdadeiro segredo está no “set and setting”, o quadro terapêutico, o ambiente, o preparo emocional, mais do que no composto em si.
Quando elegemos o fim da vida como um tema a ser enfrentado, na sala de espera, no corredor do hospital, no leito, raramente falamos do que falta: não apenas qualidade de vida, mas dignidade, sentido, conexão. A psilocibina, no relato desse paciente, atingiu essa frequência.
Aqui no Brasil, onde ainda a regulação e o acesso caminham mais devagar, é urgente que esse tema seja colocado no mapa: não como porta de entrada para fantasias, mas como uma possibilidade de cuidado que interroga práticas estabelecidas.
Quando uma vida se aproxima do ex-tempo, a angústia do existir torna-se mais visível e, de certa forma, mais vulnerável. Permitir que um ser humano diga “não quero mais sofrer desta forma”, ou “quero encontrar paz”, exige que nossas práticas médicas, sociais e legislativas estejam à altura desse desejo.
Com informações de Cañamo.net.



