Enquanto o estado norte-americano, Colorado avança na preparação para uma possível liberação federal da psilocibina sintética, a Virgínia decidiu frear o processo.

Governadores dos dois estados tomaram decisões opostas sobre propostas legislativas que autorizariam a prescrição de uma forma farmacêutica da substância psicodélica, assim que ela for aprovada pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA).

No Colorado, o governador Jared Polis (Democrata) sancionou a lei HB25-1063, permitindo que profissionais de saúde possam prescrever a formulação sintética da psilocibina, conhecida como COMP360, assim que houver aval federal. A substância, desenvolvida e patenteada pela empresa britânica Compass Pathways, está sendo estudada para o tratamento de depressão resistente e outros transtornos mentais. 

“Não queremos que veteranos e outras pessoas que não responderam a tratamentos convencionais tenham que esperar mais tempo”, justificou o deputado estadual Anthony Hartsook (Republicano), um dos patrocinadores da proposta. Segundo ele, como o Colorado não adota automaticamente os medicamentos aprovados pela FDA, a nova legislação antecipa esse processo e evita atrasos burocráticos.

Já na Virgínia, o governador Glenn Youngkin (Republicano) vetou o projeto SB 1135, que previa medida semelhante. Em sua justificativa, Youngkin classificou a proposta como “prematura” e reforçou que a legislação estadual só deveria avançar após a psilocibina ser formalmente aprovada pela FDA e reclassificada pela Agência de Fiscalização de Drogas (DEA).

Apesar da cautela alegada pelo governador, a Virgínia já possui um sistema legalizado de cannabis medicinal, mesmo com a proibição da substância em nível federal. Desde 2020, os dispensários funcionam legalmente no estado. A cannabis para uso adulto também é legal na Virgínia, embora a comercialização ainda não esteja regulamentada, proposta essa que Youngkin vetou por dois anos consecutivos.

O contraste entre os dois estados reflete uma polarização que vai além da política partidária. O Colorado, que já figura entre os pioneiros na legalização da cannabis e dos psicodélicos, também aprovou em 2022 uma legislação semelhante à atual, só que voltada à prescrição de MDMA, outro psicodélico em vias de aprovação federal.

A psilocibina como tratamento para saúde mental

A psilocibina é uma substância psicodélica encontrada em algumas espécies de cogumelos, tradicionalmente usada em rituais indígenas. Em contextos clínicos, ela vem sendo pesquisada por seu potencial terapêutico no tratamento de transtornos como depressão resistente, ansiedade, TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) e dependência química. A versão sintética, como a COMP360, busca garantir maior controle de dosagem e segurança em ambientes médicos.

Desde janeiro deste ano, centros de atendimento com psilocibina estão autorizados a operar no Colorado, oferecendo a substância em contextos terapêuticos e supervisionados, conforme previsto por legislação sancionada em 2023.

Com o avanço das pesquisas clínicas e a perspectiva de aprovação da psilocibina sintética pela FDA, estados como o Colorado buscam se posicionar estrategicamente. A movimentação evidencia o crescimento do interesse em incorporar psicodélicos no arsenal terapêutico, especialmente em casos onde os tratamentos convencionais falham.

Enquanto isso, a decisão da Virgínia de esperar por diretrizes federais pode significar um atraso no acesso a novas terapias promissoras, um debate que deve continuar ganhando espaço na agenda legislativa de diversos estados norte-americanos nos próximos meses.

Com informações de MarijuanaMoment