Tratamento da esquizofrenia: cariprazina se destaca em casos com uso de substâncias

Com ação inovadora no cérebro, a cariprazina surge como alternativa eficaz para pacientes com transtornos mentais graves e uso de substâncias, incluindo cannabis

Publicada em 15/04/2025

Avanço no tratamento da esquizofrenia: cariprazina se destaca em casos com uso de substâncias

Cariprazina é eficaz em transtornos psiquiátricos com uso de substâncias, incluindo cannabis, revela estudo europeu (Imagem: CanvaPro)

Em meio a jornadas silenciosas de sofrimento psíquico, muitos pacientes enfrentam não apenas os desafios de transtornos como a esquizofrenia, mas também o estigma, a solidão e o uso de substâncias como forma de alívio momentâneo. 

Para esses casos, onde a complexidade clínica exige mais do que abordagens convencionais, a cariprazina tem surgido como uma opção promissora. O medicamento, que atua de forma mais precisa sobre os circuitos cerebrais, vem oferecendo novas possibilidades de tratamento para quem já passou por diversas internações e recaídas. É sobre essa esperança real e baseada em evidências que especialistas discutiram, recentemente, na 33ª Reunião Anual da Associação Psiquiátrica Europeia, em Madri, realizada de 5 a 8 de abril.

A indústria farmacêutica Gedeon Richter Plc, em parceria com a Recordati, apresentou novos dados sobre a cariprazina e os resultados chamaram a atenção por apontar eficácia do medicamento em uma população considerada desafiadora: pacientes com esquizofrenia, múltiplos episódios psicóticos e transtorno por uso de substâncias, em especial, o uso de cannabis.

Em um estudo observacional de seis meses, a cariprazina demonstrou potencial para reduzir significativamente os sintomas em pacientes com esquizofrenia dupla, um quadro psiquiátrico ainda pouco explorado nos protocolos de tratamento e que, frequentemente, envolve uso concomitante de substâncias psicoativas, como a cannabis. A análise foi apresentada em um dos quatro pôsteres científicos levados à EPA pela Gedeon Richter.

“Esses resultados ampliam a relevância clínica da cariprazina em cenários complexos, onde o manejo tradicional muitas vezes falha. Estamos falando de pacientes que vivem uma sobreposição de desafios, tanto no campo dos transtornos mentais quanto na dependência química”, explicou o professor Christoph U. Correll, um dos especialistas que participaram do simpósio científico promovido pelas farmacêuticas no evento.

Além disso, uma segunda análise indicou que o risco de recaída entre os pacientes tratados com cariprazina é significativamente menor em comparação ao placebo, independentemente do sexo, reforçando a estabilidade terapêutica do medicamento.

Outro destaque que os especialistas debateram durante o encontro, foi a análise focada em sintomas negativos da esquizofrenia em mulheres durante internação hospitalar. A cariprazina foi apontada como primeira escolha terapêutica, tanto em monoterapia quanto em politerapia, apresentando melhora clínica expressiva.

A quarta análise abordou uma estratégia de potencialização com cariprazina e clozapina, voltada para casos de esquizofrenia resistente ao tratamento. Segundo os dados apresentados, a combinação parece ser promissora, principalmente no controle de sintomas negativos, com perfil de segurança favorável.

Nova escala transdiagnóstica propõe cuidado mais personalizado
Outro avanço importante revelado no evento foi a apresentação de uma nova escala transdiagnóstica para quantificar e visualizar a gravidade de sintomas psiquiátricos, proposta pelo professor Correll e especialistas da Gedeon Richter. 

A ferramenta pode ser um divisor de águas no acompanhamento clínico, permitindo decisões mais precisas e personalizadas, com base em medições sistemáticas da evolução dos quadros mentais, prática ainda subutilizada em ambientes psiquiátricos no dia a dia.


Cariprazina em escala global


Atualmente, a cariprazina está aprovada em 67 países e já foi utilizada por cerca de 1,7 milhão de pacientes em diferentes indicações.

Classificado como um antipsicótico de terceira geração, o fármaco atua como agonista parcial dos receptores de dopamina, com um perfil de ação que busca restaurar o equilíbrio neuroquímico sem bloquear completamente os circuitos dopaminérgicos, característica que pode reduzir efeitos colaterais clássicos dos antipsicóticos convencionais.

No simpósio científico “Atividade parcial, impacto total: inovações no tratamento da esquizofrenia”, especialistas reforçaram a necessidade de compreender o mecanismo de ação dos agonistas parciais de dopamina, como a cariprazina, para promover terapias mais assertivas e individualizadas.
 

Com informações do PR Newswire.