No Março Amarelo, saiba como a cannabis pode proporcionar alívio da endometriose

O canabidiol oferece potencial promissor para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com a doença

Publicada em 18/03/2024

Capa do artigo

Em março, mês dedicado à conscientização sobre a endometriose, uma doença que afeta milhões de mulheres globalmente, surgem novas esperanças para o alívio dos sintomas. A endometriose, caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, é uma condição dolorosa que impacta significativamente a qualidade de vida das pacientes.

A prevalência da endometriose atinge cerca de 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva, com aproximadamente 7 milhões de casos apenas no Brasil. Os sintomas incluem dor pélvica crônica, cólicas menstruais intensas, dor durante a relação sexual, fadiga e até mesmo sintomas psicológicos como ansiedade e depressão. O diagnóstico muitas vezes é retardado, levando anos para ser confirmado devido à variedade de sintomas que podem ser subestimados pelas pacientes.

Os tratamentos convencionais, como anticoncepcionais orais e analgésicos, frequentemente apresentam eficácia limitada e podem causar efeitos colaterais indesejados. Nesse cenário, surge uma nova perspectiva: o uso medicinal da cannabis.

Um estudo publicado nas revistas da British Pharmacological Society descobriu que, embora o THC possa ser mais eficaz contra o alívio da dor, o CBD pode interromper a migração de células endometrióticas.

Outros estudos recentes têm demonstrado o potencial dos canabinoides, compostos químicos encontrados na planta de cannabis, no alívio da dor e na redução da inflamação associada à endometriose. Pesquisas indicam que cerca de 13% das mulheres com endometriose na faixa etária de 18 a 45 anos relatam o uso de cannabis para o manejo dos sintomas, com resultados promissores. A eficácia na redução da dor é relatada como alta, com muitas pacientes conseguindo reduzir significativamente ou até mesmo eliminar o uso de medicamentos farmacêuticos tradicionais.

Além do alívio da dor, o uso da cannabis também tem sido associado à melhoria do sono e à redução de sintomas relacionados ao uso de opióides, como náuseas, vômitos e constipação. Estudos mostram que a combinação de CBD e THC, dois dos principais componentes da cannabis, pode ser especialmente eficaz no controle da dor e dos espasmos musculares causados pela endometriose, possibilitando até a redução do uso de opióides.

Essas descobertas abrem novas perspectivas no tratamento da endometriose, oferecendo às mulheres afetadas uma alternativa promissora para o manejo dos sintomas. 

No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender completamente o papel da cannabis no tratamento da endometriose e garantir sua segurança e eficácia a longo prazo. 

Recentemente, a Universidade de São Paulo (USP) por meio da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), divulgou a busca por voluntários do sexo feminino com diagnóstico de endometriose para pesquisa com canabidiol no controle de dores provocadas pela endometriose.