CBD ajuda a reduzir o consumo de álcool e incentiva hábitos mais saudáveis, apontam estudos
Estudo indica que canabidiol (CBD) reduz comportamentos compulsivos sem causar sedação ou comprometer a mobilidade
Publicada em 30/06/2025

O CBD como caminho para beber menos | Reprodução IA
Durante muito tempo, o alívio que muitos buscavam em um copo de bebida era a única rota conhecida para silenciar a ansiedade, a dor, a exaustão. Mas e se a resposta para um consumo problemático de álcool estiver em uma planta que também nasce para acalmar, tratar e transformar?
Foi exatamente isso que uma nova pesquisa australiana sugeriu: o canabidiol (CBD), substância não intoxicante da cannabis, pode ajudar a reduzir o desejo compulsivo por álcool, e sem comprometer outras funções do corpo.
Os resultados, publicados no British Journal of Pharmacology, foram claros: o CBD reduziu, de forma consistente e dose-dependente, o consumo voluntário de álcool em camundongos machos e fêmeas. “A eficácia aguda do CBD persistiu por vários meses, foi mantida durante a administração subcrônica e não foi associada a comprometimentos locomotores”, aponta o estudo.
O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade de Sydney, que usaram o modelo de “bebida murina no escuro”, um tipo de experimento que simula o consumo em excesso em ratos, para compreender padrões de ingestão humana.
Nem euforia, nem sedação: só equilíbrio
O mais impressionante foi que o efeito do CBD não causou sedação nem prejudicou a mobilidade dos animais, o que afasta a ideia de que o canabinoide apenas "distrai" ou "entorpece" o corpo. O que os cientistas observaram foi uma redução genuína na compulsão.
Apesar de os mecanismos por trás dessa modulação ainda estarem sendo estudados, os pesquisadores sugerem que o CBD age de forma complexa, envolvendo múltiplos receptores no sistema nervoso, como o do neuropeptídeo "S", que tem ligação com ansiedade e estresse.
“O CBD se apresenta como uma nova farmacoterapia promissora para o uso problemático de álcool”, afirmam os autores.
Essa pesquisa se junta a um corpo crescente de estudos que apontam uma tendência clara: a cannabis está substituindo o álcool na rotina de milhares de pessoas. Um levantamento da YouGov revelou que mais da metade dos consumidores de cannabis passaram a consumir menos bebida alcoólica ou pararam completamente. Outro dado importante: jovens adultos têm quase três vezes mais probabilidade de usar maconha diariamente do que álcool.
Além disso, uma pesquisa publicada no Molecular Psychiatry mostrou que uma dose única de 800 mg de CBD pode ajudar a controlar o desejo por álcool em pessoas com Transtorno por Uso de Álcool (TUA). Já outra análise, financiada pelo governo federal dos EUA, descobriu que quem usava maconha antes de beber consumia menos álcool e relatava menos vontade de continuar bebendo.
Cannabis, o novo copo de alívio?
Entre os jovens, essa substituição já é uma realidade. Três em cada quatro jovens adultos nos Estados Unidos relataram substituir álcool por cannabis pelo menos uma vez por semana, segundo relatório da Bloomberg Intelligence (BI). Empresas do setor, especialmente as que operam nos estados onde a cannabis é legal, já perceberam a mudança e estão ajustando suas estratégias para atender esse novo perfil de consumidor.
A BI também prevê que essa substituição seguirá crescendo, ameaçando diretamente a indústria do álcool. O motivo? A percepção de que a cannabis faz menos mal do que o álcool, os opioides e até o cigarro tradicional, conforme revelado por levantamentos da Gallup e da Associação Psiquiátrica Americana.
Quando a mudança vem de dentro
Aos poucos, as escolhas de autocuidado estão mudando. E, com elas, os caminhos da ciência também. Os pesquisadores da Universidade de Sydney ainda não sabem com precisão como o CBD modula o comportamento relacionado ao álcool, mas os primeiros sinais são promissores.
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Enquanto isso, histórias se multiplicam: de quem trocou o drinque noturno por um óleo de CBD, de quem entendeu que a ansiedade precisava de acolhimento e não de entorpecimento. São trajetórias individuais, mas que, somadas, sinalizam uma transformação coletiva: um novo olhar para o que é vício, para o que é prazer e para o que pode ser, de fato, cura.
Com informações de Marijuana Moment.