CBD pode combater câncer colorretal independentemente de mutações, aponta estudo

Pesquisa da Austrália indica que canabidiol age via receptor CB2 e reduz proliferação tumoral

Publicada em 12/02/2025

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Imagem ilustrativa: Canva.

Um estudo australiano publicado este ano no Journal of Crohn's and Colitis revelou que o canabidiol (CBD), composto derivado da cannabis, apresenta potencial terapêutico contra o câncer colorretal (CCR) sem depender das mutações genéticas da doença. Os resultados indicam que o CBD pode reduzir a proliferação tumoral por meio da ativação do receptor CB2.

Segundo o Ministério da Saúde, “o câncer colorretal abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), no reto (final do intestino) e no ânus. É passível de tratamento e, quando detectado precocemente, costuma ser curável”.

Ainda de acordo com a instituição, “o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima, para o triênio de 2023 a 2025, mais de 45 mil casos de câncer colorretal por ano. O instituto estima 20,78 novos casos a cada 100 mil homens e de 21,41 a cada 100 mil mulheres”. Em comparação com outros cânceres, “a incidência do tumor perde apenas para os diagnósticos de câncer de mama, nas mulheres, e o de próstata, nos homens”.

“Diante deste cenário, o Ministério da Saúde recomenda a prevenção e o acompanhamento dos sintomas”, diz o órgão. E há cada vez mais evidências científicas de que a cannabis pode ser uma aliada no tratamento dessa enfermidade. A seguir, o que os pesquisadores australianos observaram.

 

CBD e sua influência sobre o câncer colorretal

 

O câncer colorretal é um dos tipos mais letais do mundo, e pesquisadores buscam novas alternativas para seu tratamento. O CBD já é conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e antiepilépticas, e agora se destaca pelo seu potencial antitumoral.


Para testar sua eficácia, cientistas analisaram quatro tipos de linhagens celulares de CCR, cada uma com mutações diferentes. As células foram tratadas com diferentes concentrações de CBD, e os pesquisadores avaliaram seus efeitos na proliferação, migração e invasão celular.

Além disso, foram observadas alterações nos marcadores de estresse do retículo endoplasmático (ER) e a influência dos receptores CB1 e CB2.

 

Resultados promissores

 

Os testes mostraram que o CBD induziu apoptose (morte celular programada) e reduziu significativamente a proliferação e migração das células cancerígenas, independentemente das mutações genéticas presentes. O composto também desencadeou estresse do ER em células tumorais, mas não afetou organoides intestinais saudáveis, demonstrando seletividade no tratamento.

Os pesquisadores, igualmente, identificaram que os efeitos anticancerígenos do CBD foram inibidos quando um antagonista do receptor CB2 foi utilizado, confirmando o papel central desse receptor no mecanismo de ação do composto.

 

Perspectivas para o tratamento

 

Os achados indicam que o CBD pode ser uma alternativa terapêutica eficaz para o CCR, independentemente das mutações genéticas do tumor. No entanto, mais estudos são necessários para confirmar sua eficácia e segurança em modelos clínicos.

A pesquisa reforça a importância da exploração de compostos naturais para o tratamento do câncer e abre caminho para futuros ensaios clínicos com o CBD.