COP-28: Produção de cannabis e impacto climático

E afinal, teríamos uma chance de conseguir minimizar este impacto que causamos ao planeta?

Publicada em 29/11/2023

COP-28: Produção de cannabis e impacto climático

Por Adriana Russowsky

Em 2023, sentimos na pele as consequências da poluição e do consumo. Entre ondas de calor, derretimento de geleiras, chuvas destruidoras e outras questões sendo observadas as vésperas da COP-28 - conferência de mudanças climáticas promovida pela ONU - conscientização e ações ESG nunca foram tão necessárias. Agora, quando o assunto é Cannabis, qual o verdadeiro eco impacto? Quais são as melhores alternativas para tornar a produção mais ecológica? O que os pacientes e consumidores devem exigir?

A indústria canábica tem o potencial de ser sustentável, mas ainda não é uma realidade. Entre restrições legais, agricultura industrial e logística, 6 impactos são discutidos atualmente: consumo hídrico, energia elétrica, poluição da água e do ar, alteração da terra e uso de pesticidas.

Adriana Russowsky é farmacêutica

Impacto Ambiental e Riscos

PEGADA DE CARBONO – O cultivo indoor é estimado ser 16 a 100 vezes superior do que o outdoor. Um único baseado cultivado indoor emite em média uma pegada de carbono similar a um carro elétrico percorrendo aproximadamente 4,6km. Já se cultivado outdoor, 70 metros.

ENERGIA - O cultivo indoor é responsável pela maior pontuação de pegadas de carbono canábicas, envolvendo eletricidade para luz e circulação de ar. 6000 kilowatts/hora são responsáveis pela produção de 1kg do produto herbal. Já no cultivo outdoor este consumo é direcionado para produção de fertilizantes e bombeamento de água.

ÁGUA – A quantidade é muito maior do que quando comparada a milho, arroz ou soja, cultivadas em condições similares. Depende de variáveis como clima, método de cultivo, características da strain e fatores geográficos. O consumo é maior quando o plantio é outdoor, porém, indoor uma única planta pode consumir de 9 a 11 litros por dia: em média 500 plantas consumem entre 1.6 a 2 milhões de litros por ano. A pegada acaba sendo ainda maior em plantios que utilizam água refrigerada.

DESMATAMENTO – o cultivo outdoor é o maior responsável: para 1kg de produção herbal requer aproximadamente 4 metros quadrados de terra.

PESTICIDAS – enorme problema global. Atualmente existem selos e certificações de produção orgânica, uma única maneira de controle e que parte do entendimento do próprio consumidor, já que normalmente os órgãos reguladores pouco restringem a utilização.

Take the gunk of my skunk

Verde, porém, suja. Sabemos que a ideia de que padrões de qualidade e segurança poderem somente ser obtidas com o cultivo indoor é um mito. Este caminho só prejudica ainda mais quando o intuito é preservar o planeta. Seguindo os protocolos GACP (Good Agricultural and Collecting Practice), o cultivo outdoor seria a melhor opção: mesmo com as diferenças climáticas entre os países, o plantio em países adequados permite suprir a necessidade via exportação.

E afinal, teríamos uma chance de conseguir minimizar

este impacto que causamos ao planeta?

Não estamos falando somente de cannabis, mas sim de nosso estilo de vida como um todo. Se tivermos esta oportunidade, provavelmente de nada adiantará sermos consumidores ‘éticos’ apenas. Para virar o jogo, devemos priorizar outras coisas além de comprar e consumir: construir movimentos políticos e sociais que mudam o cenário e tendo prazer em viver experiências que não estão a venda por nenhum preço, como ficar com nossos amados e perto da natureza de maneira mais intensa. A COP-28 ocorre de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023 em Dubai.

Sobre a autora:

Adriana Russowsky é farmacêutica, fitoterapeuta sênior, mestre em Ciências da Reabilitação. Pioneira na área canábica no país, trabalha com projetos de criação e direção de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos e Serviços, no ramo de Cosmetologia e Medicinas Naturais.

Hoje compõe e realiza estratégia os protocolos que desenvolveu e criou, dentro de empresas de comercialização de cannabis e de clínicas canábicas no país, e acredita que devem as instituições científicas e educacionais melhor informar os futuros médicos e outros profissionais desta necessidade de conhecimento, ampliando acredita o correto acesso a comunidade.