Fundação Nacional do Sono encontra impactos negativos do uso da cannabis na hora de dormir; médico explica o provável problema

Especialista alertam que canabinoides como THC, CBD e CBN podem ajudar no sono, mas exigem orientação profissional

Publicada em 01/05/2025

Fundação Nacional do Sono encontra impactos negativos do uso da cannabis para auxílio para dormir; o problema pode estar na dosagem, segundo médico

Pessoa dormindo. Imagem Ilustrativa: Canva Pro

Fundação Nacional do Sono encontra impactos negativos do uso da cannabis para auxílio para dormir; o problema pode estar na dosagem, segundo médico

Estima-se que 22 milhões de adultos dos EUA (cerca de 9% da população) utilizam atualmente o uso de produtos de cannabis como auxiliares do sono. Outros 60 milhões provavelmente experimentarão esses produtos com o mesmo objetivo.

Os dados foram divulgados na segunda-feira (21) pela National Sleep Foundation (NSF) — Fundação Nacional do Sono, em português — com base em uma pesquisa nacionalmente representativa com mais de 1.300 adultos nos Estados Unidos.

Segundo o estudo, usuários atuais e potenciais de cannabis como auxiliadora do sono relataram, em média, menor duração e pior qualidade de sono do que aqueles que não utilizam a planta para esse fim. Para a NSF, esses achados levantam dúvidas sobre a eficácia real desses produtos e os padrões de sono entre consumidores frequentes ou eventuais de cannabis.

 

Especialista explica: o problema pode estar na dosagem

 

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Médico Dr. Matheus Dzieva. Imagem: Arquivo pessoal

De acordo com o médico Dr. Matheus Dzieva, a cannabis pode sim prejudicar o sono — não por causa das substâncias da planta, mas pela dosagem inadequada. “Os canabinoides têm grande potencial terapêutico contra a insônia e como auxílio ao sono”, afirma o especialista.

Entre os principais canabinoides usados no sono, ele destaca os já conhecidos THC (tetrahidrocanabinol), ideal para quem tem dificuldade em adormecer, pois promove relaxamento profundo e o CBD (canabidiol), responsável por proporciona um sono mais calmo e reparador.

Além deles, segundo o médico, o CBN (canabinol) é apontado por estudos recentes como uma alternativa não psicoativa eficaz para manutenção do sono. “Esses três canabinoides contam com evidências sólidas comprovadas por ensaios clínicos randomizados (RCTs) quanto à sua eficácia e segurança”, explica o médico.

O alerta do Dr. Dzieva vai para as dosagens do produtos utilizado. Quando em altas doses, o THC pode causar euforia, enquanto o CBD em doses baixas também pode gerar efeitos indesejados, como agitação. Prejudiciais na hora de dormir.

“Um sono adequado é a base da saúde física e mental. Enquanto dormimos, recuperamos funções essenciais do corpo e da mente, o que melhora nosso desempenho nas tarefas do dia a dia”.

 

NSF recomenda cautela no uso da cannabis para dormir

 

Apesar do uso crescente, a National Sleep Foundation recomenda prudência: “Até que haja uma compreensão mais clara dos efeitos dos produtos de cannabis para um sono saudável, o público deve ser criterioso e ter expectativas cautelosas ao considerar esses auxílios”, disse em nota Joseph Dzierzewski, vice-presidente sênior de Pesquisa e Assuntos Científicos da NSF.