Ganso de estimação ingere baseado de cannabis: especialistas alertam sobre os riscos da intoxicação por THC em animais
Veterinários registram aumento nas ocorrências de intoxicação por maconha em animais de estimação
Publicada em 25/04/2025

Ganso. Imagem Ilustrativa: Canva Pro
Em alusão ao 4/20 – data emblemática para usuários de cannabis medicinal e recreativa, celebrada anualmente em 20 de abril –, a equipe da Pet Poison Helpline revisou seus registros em busca de casos singulares de intoxicação por cannabis, e uma ocorrência em particular despertou grande interesse.
Com a crescente legalização da cannabis, a Pet Poison Helpline observou um aumento expressivo de 430% nas chamadas relacionadas à intoxicação de animais por essa substância entre 2019 e 2023. Em 2021, a maconha figurou pela primeira vez no ranking dos 10 principais venenos para animais de estimação, e em 2024, já ocupa a sexta posição.
"Apesar de os cães serem os animais mais frequentemente expostos acidentalmente à maconha, recentemente nos deparamos com um caso que realmente nos surpreendeu", relatou a Dra. Renee Schmid, toxicologista veterinária sênior e diretora de Medicina Veterinária da Pet Poison Helpline.
Segundo a Dra. Schmid, uma tutora contatou a clínica veterinária após sua gansa de estimação, chamada Gertie, ter engolido rapidamente um baseado que havia caído no chão. Diante da situação, a equipe veterinária recomendou que a ave fosse levada imediatamente ao hospital para monitoramento e os devidos cuidados.
Uma tendência crescente, mas controlável

A médica veterinária Nicoli Beneditto também observa um aumento considerável nos casos de intoxicação por cannabis em pets nos últimos anos, "uma consequência direta da maior aceitação e utilização da planta, tanto para fins recreativos quanto medicinais".
Como um ponto positivo, a veterinária destaca a quebra de tabu e o aumento da conscientização sobre o tema. "Hoje se discute mais abertamente sobre o assunto, o que também facilita a identificação e o relato dos casos".
De acordo com Beneditto, a educação do tutor é crucial, especialmente considerando que a cannabis medicinal, em baixas dosagens de THC ( tetrahidrocanabinol) e sob supervisão veterinária, pode ser benéfica para os animais. "Já o THC em excesso, sem controle, ou através da planta in natura, pode ser extremamente perigoso para os pets. Informação é fundamental em todos os aspectos", completa.
Será que comeu? Entenda os sinais clínicos
Caso o tutor suspeite que seu pet ingeriu cannabis com alto teor de THC, é essencial estar atento a alguns sinais clínicos característicos de intoxicação.
Os mais comuns incluem desorientação, dificuldade de locomoção (ataxia ou andar "bêbado"), pupilas dilatadas, salivação excessiva, tremores, vômitos, apatia e, em alguns casos, agitação incomum. Também podem ocorrer incontinência urinária, aumento da frequência cardíaca e, em situações mais graves, hipotermia (queda da temperatura corporal) e convulsões.
A veterinária ressalta que esses sinais variam de acordo com a sensibilidade do animal, seu porte e a quantidade ingerida, mas qualquer comportamento atípico já deve servir de alerta.
Comeu! E agora?
Na eventualidade de o animal ter acesso e ingerir a substância, o tutor deve buscar atendimento veterinário com a maior brevidade possível. "Quanto mais rápido for o suporte profissional, melhor será o prognóstico", enfatiza Beneditto.
Enquanto isso, se o animal estiver consciente e não houver risco de engasgo, pode-se oferecer água para auxiliar na hidratação. "No entanto, jamais se deve induzir o vômito por conta própria ou medicar o animal sem orientação veterinária, pois isso pode agravar a situação", adverte a veterinária.
É igualmente importante manter o animal em um local seguro e confortável, prevenindo quedas ou ferimentos. Caso ele apresente baixa temperatura e extremidades frias, aqueça-o com uma coberta até a chegada ao veterinário.
Gertie passou por uma lavagem do papo com solução salina – o papo é uma estrutura inicial do sistema digestivo das aves, responsável pelo armazenamento de alimento antes de chegar ao estômago. Segundo os veterinários da Pet Poison Helpline, o animal ficou bem.
Como último alerta - e talvez mais importante -, Nicoli Beneditto, alerta os tutores para impedir que os pets continuem tendo acesso a substância, removendo qualquer resíduo do seu alcance e armazenando em um local seguro.