Ministério da Saúde propõe discussão ampla sobre regulamentação do cultivo de cannabis no Brasil
Em entrevista ao Portal Sechat, Rodrigo Cariri destacou a importância da escuta social e o potencial do Brasil para liderar a produção de cannabis para fins medicinais
Publicada em 18/06/2025

Rodrigo Cariri, coordenador-geral de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde durante o 4ª CBCM. Imagem: Arquivo Sechat
O Ministério da Saúde está desenvolvendo uma proposta abrangente para regulamentar o cultivo de cannabis para fins medicinais e de pesquisa. A intenção é promover o diálogo com setores estratégicos, como os segmentos agrícola, jurídico, farmacêutico, associações de pacientes e outros atores relevantes, buscando alinhar segurança e legalidade.
Rodrigo Cariri, coordenador-geral de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, afirmou que o objetivo é identificar as limitações atuais e construir um modelo que respeite o bioma brasileiro, a cadeia produtiva e o marco legal penal do país.
“Assim entendemos quais são as limitações e como alcançar uma produção nacional com segurança para o nosso bioma, a cadeia produtiva, o marco legal penal brasileiro e, sobretudo, os pacientes”, completou.
Segundo Cariri, a pasta ainda não possui uma posição oficial sobre o marco regulatório do cultivo de cannabis para fins medicinais e de pesquisa.
“Ainda não temos, em definitivo, uma proposta ou posição oficial do Ministério da Saúde acerca do marco regulatório”, afirmou.
Representando o Ministério no último dia do 4º Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal — principal evento do setor, realizado no final de maio de 2025 —, Cariri concedeu uma entrevista ao Portal Sechat, na qual detalhou o plano de ação voltado à regulamentação e fiscalização da produção de cannabis medicinal no Brasil.
Proposta deve ser construída com ampla escuta social
De acordo com o coordenador, o esforço inicial do Ministério foi apresentar uma proposta ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), reforçando a necessidade de escutar diferentes segmentos da sociedade e autoridades nacionais no processo de formulação regulatória.
O coordenador ainda ressaltou a importância da presença do Ministério em eventos especializados sobre cannabis medicinal. Esses espaços permitem trocas com o setor produtivo, pesquisadores, médicos e demais profissionais da saúde, fortalecendo o processo de construção de políticas públicas.
“O Ministério veio para ouvir, aprender e poder levar daqui as demandas para o processo regulatório”, destacou.
Brasil pode liderar exportação de cannabis medicinal
Em junho, o STJ aprovou o plano de ação, fixando 30 de setembro de 2025, como data para a entrega da regulamentação do cultivo de cannabis com baixo teor de tetrahidrocanabinol (THC).
Cariri entende que o Brasil tem potencial para se tornar um player internacional no setor da cannabis medicinal, devido à sua posição estratégica, com clima favorável, capacidade científica e experiências acumuladas.
“Podemos retomar a dianteira deste movimento, dando um passo à frente com segurança, prudência e maturidade, respeitando a composição da nossa sociedade e como ela está organizada democraticamente”, afirmou.
Distribuição pelo SUS ainda não está em discussão
Em relação à distribuição de medicamentos à base de cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Cariri explicou que essa pauta ainda não está sendo discutida oficialmente neste plano de ação. O foco atual do governo é estimular a produção nacional, com possibilidade de reduzir os custos dos produtos para os pacientes.
Confira a entrevista: