Operação em fazenda de cannabis na Califórnia termina com trabalhador morto e centenas presos
Funcionário rural da Glass House Farms sofreu acidente fatal durante operação de agentes de imigração; empresa está sob investigação por irregularidades trabalhistas
Publicada em 16/07/2025

Cannabis legal, vidas descartáveis: migrantes são alvos de operação brutal na Califórnia | CanvaPro
Era mais uma manhã nas plantações do sul da Califórnia. Sol forte, o cheiro inconfundível da terra misturado ao das flores de cannabis, mas o que deveria ser mais um dia de trabalho terminou em tragédia: um trabalhador rural perdeu a vida após cair de uma altura de nove metros durante uma batida conduzida por agentes de imigração norte-americanos. Ferido gravemente na quinta-feira passada, ele não resistiu aos ferimentos e morreu na sexta (11), segundo a organização United Farm Workers (UFW).
A ação aconteceu em instalações da Glass House Farms, uma produtora de cannabis que agora está sob investigação por possíveis violações de leis trabalhistas e uso de mão de obra infantil.
A morte de Jaime Alanís Garcia, 57, foi confirmada no sábado pela família ao Los Angeles Times. Ele sofreu ferimentos graves durante enquanto tentava fugir dos agentes durante a operação na fazendo em Camarillo. Alanís perdeu os aparelhos de suporte de vida dois dias após o incidente, em meio a um clima de tensão e protestos na região.
Cem corpos algemados no campo
Cerca de 200 pessoas foram presas durante a operação. Eram trabalhadores e trabalhadoras, em sua maioria migrantes, muitos deles em situação irregular nos Estados Unidos. Também foram encontrados 10 menores de idade, todos migrantes, nas instalações da fazenda.
As detenções ocorreram em um clima de tensão crescente, com ativistas de direitos dos imigrantes enfrentando agentes federais. As cenas foram descritas como brutais. A repressão integra a ofensiva da política migratória do ex-presidente Donald Trump, que prometeu deportar todos os imigrantes em situação irregular, uma promessa que continua a cobrar seu preço.
Silenciados: deletar provas, apagar vozes
Além das prisões e da morte, relatos vindos de dentro da operação acendem um alerta para o abuso de autoridade. De acordo com a presidente da UFW, Teresa Romero, alguns cidadãos norte-americanos também foram detidos e só foram liberados depois de deletarem vídeos e fotos da ação de seus celulares.
Até o momento, o Departamento de Segurança Interna dos EUA não respondeu às denúncias. O silêncio das autoridades ecoa como uma tentativa de abafar não apenas os registros da violência, mas também as vozes daqueles que ousaram documentá-la.
Cidadãos detidos, famílias desaparecidas
Ainda de acordo com o Los Angeles Times, a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, declarou que a remoção das crianças da Glass House Farms fazia parte do plano desde o início, motivada por suspeitas de tráfico e exploração infantil na fazenda.
O Departamento do Trabalho e a empresa Arts Labor Services não responderam a questionamentos sobre investigações, enquanto a Glass House nega violações trabalhistas.
A ação ocorre após decisão judicial que restringe abordagens de imigração baseadas em etnia ou ocupação.
Com informações de Terra e Los Angeles Times.