Por que pesquisar cannabis ainda é um desafio no Brasil? Pesquisadores da Unesp respondem

Pesquisadores da Unesp revelam os obstáculos que travam as pesquisas com cannabis no Brasil e apontam caminhos para destravar a ciência nacional

Publicada em 29/10/2025

Por que pesquisar cannabis ainda é um desafio no Brasil

Entre leis e barreiras, pesquisadores tentam fazer a cannabis florescer na ciência brasileira | CanvaPro

A ciência brasileira vive um paradoxo Enquanto há crescente interesse global por aplicações terapêuticas e industriais da planta Cannabis sativa, no país, o caminho da pesquisa encontra barreiras que vão da burocracia à importação cara de insumos. 

Esse cenário é evidenciado pela nota técnica elaborada pelo Grupo de Trabalho (GT) de Regulamentação Científica da Cannabis, criado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No documento, foram listados 481 entraves para quem escolhe estudar a planta no Brasil. 

“Eu tentei importar do Uruguai e do Paraguai… demorou mais de um ano e custou mais de R$ 20 mil”, relatou o professor André Gonzaga dos Santos, para o Jornal da Universidade Estadual Paulista (UNESP). André, professor da UNESP, foi um dos colaboradores da nota.


Pesquisa engessada: entre importações, autorizações indefinidas e solo brasileiro ignorado


A importação de insumos é um dos principais gargalos, segundo o documento. Com o cultivo da planta ainda proibido no país, obrigando as equipes a recorrerem a fornecedores no exterior, com altos custos e tempos de espera imprevisíveis.

Além disso, mesmo quando o processo avança, a padronização dos materiais e a adequação ao solo e clima brasileiros ficam de fora. “Estudar produtos importados não vai contribuir em nada para desenvolver a cadeia produtiva nacional”, alertou Santos ao Jornal da Unesp.

Outro ponto crítico é a atual regulamentação, a Portaria nº 344/1998 e a autorização especial da Anvisa para ensino e pesquisa, permite pesquisas, mas com prazos indefinidos e critérios nebulosos.

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Apesar dos obstáculos, há também sinais positivos. na UNESP, cerca de 175 pesquisadores estão envolvidos em estudos com cannabis, e foi criado o núcleo multidisciplinar NuDeCann no câmpus de Ilha Solteira para estruturar cadeia produtiva, genética e tecnologia de cultivo no Brasil.

Com informações de Jornal da Unesp.
 

Por que pesquisar cannabis ainda é um desafio no Brasil? Pesquisadores da Unesp respondem