Psicodélicos podem reduzir uso de outras substâncias em pacientes com dor crônica, indica estudo
Psicodélicos e cannabis se destacam como alternativas no tratamento da dor crônica
Publicada em 05/03/2025

Imagem ilustrativa: Canva.
Um estudo da Universidade de Michigan, nos EUA, revelou que 86,3% dos pacientes com dor crônica que usaram psicodélicos relataram redução ou cessação do uso de outras substâncias, como álcool e opioides. A psilocibina foi considerada a mais eficaz para sintomas físicos e mentais.
Uso de psicodélicos e impactos na saúde
Pesquisadores analisaram dados de 466 adultos que utilizaram psicodélicos para tratar dor crônica. Entre os entrevistados, 71,1% reduziram ou cessaram o consumo de álcool, enquanto 64,1% diminuíram o uso de opioides prescritos.
Além disso, 21,2% dos participantes mantiveram a redução de substâncias por mais de 26 semanas após o uso psicodélico. Em contrapartida, opioides ilícitos (27,8%) e cannabis (21,5%) registraram aumento no consumo.
Psilocibina se destaca no alívio dos sintomas
Os resultados indicam que a psilocibina foi o psicodélico mais eficaz para melhora dos sintomas físicos e mentais. No geral, a percepção dos participantes sobre os efeitos dos psicodélicos foi positiva.
Os pesquisadores também identificaram que as pessoas que usaram psicodélicos com a intenção de reduzir o consumo de outras substâncias tiveram maior probabilidade de alcançar esse objetivo. Esse dado sugere que a motivação pode desempenhar um papel importante nos resultados observados.
Outro ponto relevante do estudo é que o uso naturalista de psicodélicos — ou seja, fora de ambientes clínicos controlados — ainda é pouco estudado. Apesar dos relatos positivos, há necessidade de mais pesquisas para entender melhor os riscos e benefícios dessa prática, especialmente entre pessoas com dor crônica.
Os autores ressaltam que, apesar do potencial terapêutico, o estudo tem limitações, pois se baseia em relatos pessoais e não em ensaios clínicos controlados. Dessa forma, futuros estudos poderão esclarecer se os psicodélicos podem, de fato, ser uma alternativa segura e eficaz no tratamento da dor crônica e no combate ao uso abusivo de substâncias.
Dor crônica afeta milhões de brasileiros
A dor crônica atinge cerca de 27 milhões de brasileiros, especialmente devido a alterações na coluna vertebral, como as hérnias de disco. A condição pode causar impacto significativo na qualidade de vida, levando à insônia, depressão e ansiedade.
Atualmente, muitos pacientes utilizam opioides como tratamento, mas essas substâncias podem causar efeitos colaterais graves, incluindo dependência, depressão e insuficiência respiratória, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Isso tem levado especialistas a buscar alternativas mais seguras, como o uso da cannabis medicinal e dos psicodélicos.
Cannabis como alternativa eficaz
Pesquisas indicam que a cannabis também é uma alternativa promissora no tratamento da dor crônica. A substância apresenta alta tolerabilidade e efeitos adversos leves a moderados. Estudos demonstram que o CBD, um dos principais compostos da cannabis, atua em receptores do corpo humano para reduzir a sensibilização da dor e proporcionar alívio.
Além disso, pomadas e géis à base de cannabis podem ser aplicados diretamente no local da dor, auxiliando na reparação da lesão. Já o THC, outro componente da planta, possui um efeito analgésico comparável ao dos opioides, mas sem os efeitos colaterais prejudiciais.
Uma revisão de estudos publicada na Revista Brasileira de Anestesiologia destacou a aplicabilidade clínica dos canabinoides para diversos tipos de dor, incluindo neuropática, oncológica e musculoesquelética.