Uruguai considera legalização do uso adulto da maconha para turistas estrangeiros
Especialista adverte sobre desafios políticos e consequências da possível mudança
Publicada em 11/09/2023
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Por redação Sechat
O Uruguai está sinalizando a possibilidade de regulamentar a venda de maconha para turistas estrangeiros, gerando discussões e expectativas em relação a essa potencial medida.
O Congresso uruguaio está atualmente debatendo um projeto de lei apresentado pelo parlamentar Eduardo Antonini, membro da coalizão de esquerda Frente Ampla, que propõe liberar a venda de maconha para turistas como uma estratégia para impulsionar o turismo, além de combater o mercado ilegal de cannabis.
Segundo Antonini, "Cidadãos uruguaios e estrangeiros residentes têm direito a uma atividade que os turistas só podem observar. Muitos deles chegam em cruzeiros com a expectativa de comprar maconha nas farmácias e, ao não poderem fazê-lo, recorrem ao mercado ilegal."
O parlamentar argumenta que os turistas devem ter os mesmos direitos que os uruguaios no que diz respeito ao acesso à maconha, com exceção do autocultivo.
No entanto, Marco Algorta, colunista do portal que reside no Uruguai e está envolvido na indústria da cannabis desde seu início, expressa cautela em relação à possibilidade de regulamentação do uso adulto de maconha para estrangeiros. Ele destaca que diferenças políticas dentro do governo uruguaio podem impedir essa regulamentação nos próximos anos.
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"Sinceramente, eu não vejo essa regulamentação viável pelos próximos 2 anos, pois hoje no Uruguai temos um governo de centro-direita no poder", explica Algorta.
Ele ressalta que, embora o secretário da junta nacional de drogas seja favorável à regulamentação, o ministério da saúde é contrário, criando uma barreira significativa para essa pauta.
Atualmente, a legislação uruguaia só permite a venda legal de maconha a cidadãos uruguaios previamente registrados para autocultivo, membros de clubes canábicos ou compradores em farmácias. Algorta alerta para o perigo da especulação em torno da regulamentação imediata, que leva algumas pessoas a investirem em projetos econômicos relacionados à maconha, apenas para enfrentarem ações legais quando a regulamentação não se concretiza.
A mesma lei que regula a venda e produção de maconha também impõe penas severas para qualquer distribuição ou venda irregular da substância, variando de 2 a 12 anos de prisão. Quando essas atividades são conduzidas por organizações criminosas, as penas podem ser ainda mais graves, com acréscimo de 3 a 12 anos de detenção.
Desde o início do governo do presidente Luis Lacalle Pou, o Instituto de Regulação e Controle da Maconha (IRCCA) tem avançado em direção a um marco legal que permita o acesso legal à maconha para turistas. Uma das discussões centrais do projeto de lei é sobre quem serão os produtores da maconha disponível para turistas, visto que a quantidade atualmente cultivada para venda em farmácias não é suficiente para atender à demanda.