Fumar cannabis pode aumentar significativamente o risco de problemas cardíacos e vasculares graves em jovens, segundo estudos robustos

Pesquisas recentes envolvendo milhões de usuários indicam que o consumo de cannabis pode elevar em até mais de seis vezes o risco de problemas cardiovasculares, especialmente entre pessoas com menos de 50 anos.

Publicada em 21/03/2025

Fumar cannabis pode aumentar significativamente o risco de problemas cardíacos e vasculares graves em jovens, segundo estudos robustos

Imagem ilustrativa: Canva.

Novas pesquisas apontam para uma relação preocupante entre o uso de cannabis e a saúde do coração. De acordo com o site HypeScience, um estudo retrospectivo com mais de 4,6 milhões de indivíduos revelou que usuários de cannabis com menos de 50 anos apresentam risco até seis vezes maior de sofrer ataque cardíaco quando comparados a não usuários. Além disso, meta-análise que reuniu dados de mais de 75 milhões de pessoas constatou aumento de 50% no risco de ataques cardíacos entre consumidores da substância.

Com a legalização da cannabis em diversas regiões, cresce a preocupação sobre seus impactos na saúde pública. Segundo os pesquisadores, o risco cardiovascular elevado foi observado mesmo entre indivíduos jovens e saudáveis, sem histórico prévio de doenças cardíacas, colesterol alto ou diabetes.

 

Especialistas alertam para a necessidade de acompanhamento médico

 

O Dr. Ibrahim Kamel, pesquisador da Universidade de Boston, destaca que é fundamental que médicos perguntem sobre o uso de cannabis ao avaliar o risco cardiovascular dos pacientes. Segundo ele, a substância pode influenciar negativamente o ritmo cardíaco, aumentar a demanda de oxigênio no músculo cardíaco e prejudicar a função dos vasos sanguíneos, contribuindo para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Além disso, os pesquisadores ressaltam que o risco de ataque cardíaco pode ser maior logo após o consumo da substância, tornando necessário um acompanhamento médico mais rigoroso para usuários frequentes. Embora os mecanismos exatos ainda não sejam totalmente compreendidos, os especialistas reforçam que o consumo de cannabis deve ser analisado com cautela, especialmente entre aqueles com fatores de risco cardiovascular.

 

Cannabis e a saúde do coração: mais pesquisas são necessárias

 

Embora os estudos apresentem evidências consistentes sobre os riscos cardíacos da cannabis, os pesquisadores destacam que fatores como a frequência e a quantidade de consumo, além do uso concomitante de outras substâncias, ainda precisam ser mais investigados.

Os cientistas também alertam que a interpretação dos estudos deve ser feita com cautela, já que algumas pesquisas não levaram em consideração hábitos associados ao consumo de cannabis, como o uso de tabaco e outras drogas ilícitas. Isso significa que, embora haja uma correlação clara entre o consumo de cannabis e o aumento do risco cardiovascular, mais estudos são necessários para isolar os efeitos da substância e compreender com precisão seus impactos na saúde do coração.

Outro fator levantado pelos pesquisadores é que a cannabis pode atuar diretamente sobre o sistema cardiovascular por meio da disfunção endotelial – um processo que dificulta a expansão e o relaxamento dos vasos sanguíneos. Essa condição pode comprometer a circulação e aumentar o risco de ataques cardíacos e derrames. Além disso, um dos estudos analisados apontou que o risco de infarto pode atingir o pico cerca de uma hora após o consumo da substância, sugerindo uma relação direta entre o uso e a sobrecarga cardíaca no curto prazo.