O uso adulto de cannabis pode acelerar o envelhecimento?

Novo estudo sugere que o uso contínuo da cannabis pode causar alteração no gene AHRR, responsável pelo envelhecimento celular – o mesmo afetado pela poluição do ar e pelo tabagismo

Publicada em 04/03/2022

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Por João R. Negromonte

Pesquisadores da Universidade de Virgínia, nos EUA, descobriram, através de um estudo recente publicado na revista Drug and Alcohol Dependence, que o uso adulto da cannabis, isto é, fumar maconha, pode acelerar o processo natural de envelhecimento do nosso corpo.

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Fatores externos, como o meio ambiente em que vivemos e nossos hábitos, podem influenciar nas alterações epigenéticas (que trata do dos mecanismos moleculares e informações contidas no DNA), mas é claro que também não podemos esquecer do principal fator, o tempo. 

Assim, pesquisadores selecionaram 154 pessoas, nas quais durante 17 anos, relataram os níveis anuais de consumo da cannabis para o estudo. Dessa maneira, os cientistas puderam observar, através do mapa genético, como as células, mais especificamente o gene AHRR, se comportaram durante esse período.

Baseado em tipos de mapas genéticos diferentes, os cientistas analisaram os padrões de modificação química de cada indivíduo para determinar sua idade biológica, relacionando com o uso da cannabis. Dessa maneira, eles puderam observar que existe uma alteração entre o mapa de quem fuma maconha com sua idade real.  

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“O uso de maconha trouxe mudanças epigenéticas ligadas ao envelhecimento acelerado, com evidências sugerindo que os efeitos podem ser principalmente devido à inalação de hidrocarbonetos entre os fumantes de maconha,” diz o estudo. 

Outro ponto que merece relevância foi a relação dose-efeito. Dentre os usuários frequentes de cannabis, foram observados maiores fatores de aceleração do envelhecimento, ou seja, aqueles que fumavam mais, aumentavam as chances de aceleração da idade.

O gene afetado em questão, o AHRR, também apresentou resultados semelhantes quando relacionados ao uso do tabaco e à poluição do ar, levando os pesquisadores a acreditar que o envelhecimento está diretamente relacionado ao ato de fumar, e não ao consumo da cannabis em si. 

Desse modo, os cientistas destacam que, apesar do uso adulto da cannabis ter um papel direto no envelhecimento humano, ainda é cedo para dizer conclusivamente que as substâncias presentes na planta são responsáveis por essa ação, sugerindo que o fator combustão seria o “grande vilão”.

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