Paciente de fibromialgia encontra na Cannabis alívio para suas dores incapacitantes

Antes de encontrar a Cannabis a artesã ficava a maior parte do tempo na cama

Publicada em 20/05/2020

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Até os 29 anos, a artesã pernambucana Andressa Carvalho Felix tinha uma vida aparentemente alegre e ativa. Passear no shopping com as amigas era um dos seus programas favoritos. Porém, Andressa caiu em um estado profundo de depressão e as dores emocionais logo se transformaram em dores físicas.

Os passeios no shopping cessaram. A artesã ficava a maior parte do tempo na cama. Havia dias que as dores de cabeça e nas pernas não permitiam sequer que ela andasse. Tudo foi ficando de lado, inclusive ela mesma.

Foi então que começou uma peregrinação por vários médicos das mais diversas especialidades, mas ninguém sabia o que Andressa tinha. E foi num clínico geral que veio o diagnóstico por eliminação: fibromialgia.

Não havia alternativa. O único caminho era tomar os opioides receitados pelo médico. Porém, as dores continuavam e a artesã ainda tinha que lidar com os efeitos colaterais.

Mesmo com o diagnóstico em mãos, Andressa não entendia bem a doença. O médico não a orientou como ela acredita que deveria ser orientada. Então, lhe restou lidar com as limitações da doença.

Reviravolta canábica

Sua vida começou a minguar. Andressa não dava conta de dar atenção para a filha, os afazeres domésticos foram assumidos pela sua mãe e sua relação com o marido estava apagada e sem vida. Não havia libido, não havia amor, não havia desejo…só havia dor.

Foi quando a artesã tentou o suicídio. Uma vida galgada na dor não fazia o menor sentido para Andressa. Em dois anos, os opioides pararam totalmente de fazer efeito. Não havia mais caminhos viáveis. Agora, aos 33 anos, Andressa só esperava o dia de morrer e o sofrimento acabar.

Porém, em 2019, Andressa leu uma matéria sobre um paciente de fibromialgia tratado com Cannabis que apresentava melhoras nos sintomas. Sem pensar duas vezes, a artesã começou suas pesquisas. Logo de cara topou com os altos preços das consultas médicas dos prescritores de Cannabis que teve acesso. O valor era inviável.

Andressa descobriu que uma prima tratava o filho autista com óleo de Cannabis, então teve conhecimento de uma associação na sua cidade, Recife (PE). Lá, conseguiu uma consulta com o preço popular, mas o valor do fármaco ainda era alto. A artesão decidiu investir em um óleo artesanal, mas sua pressão caia e ela não se sentia bem apesar de notar uma redução nas dores.

A alternativa que Andressa encontrou foi trocar de médico. O novo prescritor receitou o óleo da Abrace (Associação Brasileira Cannabis Esperança), que, desde 2017, tem autorização judicial para plantar e fabricar óleo de Cannabis. Então sua vida começou a mudar.

Andressa chama de “milagre”. Em duas semanas, a artesão lembra de acordar e procurar pelas dores no corpo. As crises que a deixavam de cama cessaram. Logo retomou as atividades do dia a dia, as brincadeiras com a filha, a intimidade com o marido e, principalmente, a vontade de seguir viva, pulsando. A artesã ainda sente um pouco de dor após esforços físicos, mas logo elas desaparecem, bem diferente de quando elas duravam mais de uma semana. Isso porque Andressa havia feito uma limpeza em casa.

Coronavírus e Cannabis

Andressa e seu marido contraíram Covid-19 recentemente. O marido, que ela chama de touro, caiu. Ficou mal de saúde. Mesmo não precisando ser internado, seu caso o debilitou.

A artesã teve falta de ar. Está terminando o período de isolamento de 14 dias com mais disposição que o marido.

Ela sabe que não tem como provar que o óleo de Cannabis que toma para fibromialgia colaborou numa possível redução dos sintomas do coronavírus, mas ela também não consegue deixar de notar o que seria da vida dela com o vírus no auge da fibromialgia.

Ela tem certeza que as dores seriam insuportáveis e que a parte emocional estaria extremamente abalada. Porém, apesar dos desafios de superar a contaminação e a saudade da filha, Andressa segue confiando na Cannabis como sua parceria aliada na busca diária por qualidade de vida e bem-estar.