Senadora tetraplégica e usuária de CBD defende tratamento: "é insubstituível"

Publicada em 15/07/2019

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Mara Gabrili (PSDB-SP) e Norberto Fischer, pai da Anny, a primeira criança brasileira a conseguir autorização da Anvisa para importar legalmente o canabidiol, óleo extraído da planta da maconha, a cannabis. Foto: Divulgação

Eleita em 2018, Mara Gabrilli, de 51 anos, é a primeira senadora com tetraplegia no Brasil. A parlamentar sofreu um acidente de carro em 1994 e, desde então, se desloca com auxílio de uma cadeira de rodas elétrica. Ela também faz o uso regular do canabidiol para controlar dores e espasmos que a doença lhe traz.

Nesta terça-feira (09), Mara participou da audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado que debateu o plantio de cannabis com fins medicinais no Brasil. A senadora defendeu o uso da substância e contou como o CBD auxiliou no seu tratamento. Ela também criticou a posição do ministro Osmar Terra, da Cidadania, que foi até a comissão para sustentar a proibição. Terra disse, inclusive, que "maconha medicinal não existe". Mara Gabrilli rebateu o político:

"Estou para dizer que a gente está falando de um medicamento insubstituível e a gente tem que criar forças para lutar com o lado B da história, com o 'dark side', porque ele existe", brincou.

Em seu discurso, a senadora relatou casos de pessoas que possuem lesão medular e que, devido à patologia, não saem de casa, pois não conseguem controlar o intestino ou a bexiga ou porque possuem medo de sofrer um espasmo e cair da cadeira.

"E tudo isso acontece comigo. Mas o óleo está me ajudando a regular inclusive o metabolismo do meu corpo nessas outras questões. Estou aqui porque sou brasileira, porque eu trabalho com doenças raras, porque foi uma opção da minha vida ajudar as pessoas com deficiência, porque num momento da vida eu quebrei o pescoço e tive estrutura e condição para ter uma boa alimentação, uma boa cadeira e uma cuidadora do meu lado. Uma oportunidade é tão transformadora que é capaz de fazer com que uma pessoa tetraplégica como eu, com todas as questões que a paralisia traz, conseguisse ser senadora e estar aqui para trabalhar pelas outras pessoas", declarou, emocionada.

Mara Gabrilli esteve com Norberto Fischer, pai da Anny, de 10 anos, a primeira criança brasileira a conseguir autorização da Agência Nacional de Saúde (Anvisa) para importar legalmente o canabidiol (CBD), óleo extraído da planta da maconha, a cannabis.

Anny sofria com frequentes crises de epilepsia provocadas pela doença, registrando até 60 convulsões por semana. Norberto, em 2018, conseguiu na Justiça o direito de importar o óleo dos Estados Unidos.

“É importante que fique bem claro que não estamos falando aqui de epidemia de drogas. Falamos de cannabis medicinal, de saúde pública, de pessoas que estão se beneficiando do uso de um medicamento. O Brasil não pode fechar os olhos para esse debate", ressaltou.