Canabidiol sintético é "pura bucha" | Tudo Sobre Cannabis

Publicada em 27/08/2019

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O portal Sechat publica nesta terça-feira (27) mais um artigo em parceria com o blog Tudo Sobre Cannabis, um espaço que propõe “conteúdo ponta firme sobre tudo de relevante no universo da cannabis e canabinoides”. O texto a seguir é assinado pelo psiquiatra Wilson Lessa, professor da Universidade Federal de Roraima, prescritor de Cannabis há quase 3 anos, diretor científico da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis (SBEC). Membro da Society of Cannabis Clinicians (SCC) e da International Cannabinoid Research Society (ICRS). Wilson Lessa também é colunista do Sechat

Se é tão fácil produzir canabidiol sintético, por que países como Israel insistem em plantar Cannabis ? Por que o esforço em buscar cepas diferentes de plantas, com perfis de fitocanabinoides, terpenos e flavonoides em combinações únicas ? E vale lembrar que o uso social/recreativo da maconha é proibido (embora descriminalizada o uso pessoal) em solo israelense.

Vamos tentar responder com ciência. Que tal?

Em 2015, pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém (Gallily et at 2015), demonstraram em roedores que o canabidiol (CBD) tem se demonstrado um potente anti-inflamatório e ansiolítico, sem exercer um efeito psicotrópico. No entanto, quando o CBD foi purificado (próximo de 100%), foi observado uma dose-resposta em U invertido (efeito bifásico), quer dizer, o aumento de dose provoca uma regressão do efeito observado, o que limita seu uso clínico. Para mais detalhes, veja esse post explicativo.

Por outro lado, quando utilizaram um óleo completo proveniente de um clone específico de Cannabis, houve uma clara correlação entre os efeitos anti-inflamatório e anti-nociceptivo, entre a dose e a resposta, com aumento da resposta clínica com o aumento da dosagem, o que torna esse extrato ideal para usos clínicos. Ou seja, no CBD oriundo da planta houve um aumento proporcional entre dose e efeito, que é tudo que se espera de um medicamento!

Já em 1998, o Professor Raphael Mechoulam e Shimon Ben-Shabat postularam que o nosso sistema endocanabinoide demonstrou ter um efeito comitiva, no qual uma variedade de metabólitos “inativos” e moléculas relacionadas marcadamente aumentavam a atividade dos canabinoides endógenos primários, a Anandamida e o 2-AG (Ben-Shabat et al., 1998). Eles também pressupõe que isso ajuda a explicar como drogas botânicas são frequentemente mais eficientes que compostos isolados (Mechoulam and Ben-Shabat, 1999).

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