Conheça a trajetória de Pannunzio no universo da maconha até a criação do Programa Canábico

Pannunzio conversou com o Sechat e contou a sua saga até se tornar um dos maiores influenciadores entusiastas do uso da Cannabis no Brasil

Publicada em 19/05/2020

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Por Caroline Apple

O jornalista Fábio Pannunzio, ex-âncora do Jornal da Band e ganhador de dois prêmios Esso, começou a flertar com a Cannabis em 2012, quando a legislação norte-americana passou a flexibilizar o uso adulto da maconha em alguns estados. Pannunzio conversou com o Sechat e contou a sua saga até se tornar um dos maiores influenciadores entusiastas do uso da Cannabis no Brasil.

Para o jornalista, o assunto da legalização da maconha para uso adulto em diversas partes do mundo era quente e próspero, mas nem mesmo sua vasta experiência jornalística e seus prêmios lhe davam a credencial necessária para convencer sua chefia de que aquele assunto era “adequado” para ser televisionado em um canal aberto. O preconceito e a falta de informação, que, juntos, soam redundantes, permeavam pela mente de quem estava à frente do jornalismo da emissora na época.

Foi então que Pannunzio fez o que jornalista sabe fazer muito bem quando acredita numa história: não desistir. Como símbolo da sua luta canábica, Fábio comprou uma capa de celular com uma folha da maconha estampada. Vira e mexe ele mostrava para o seu editor para relembrar a pauta que havia sugerido. A brincadeira caiu nas graças da apresentadora Mônica Iozzi, que estava no CQC, então, não era difícil o programa colocar Pannunzio no papel de “maconheiro” com direito a fumaça verde saindo da sua boca durante as entrevistas.

Mas, apesar da brincadeira, o assunto era sério. Pannunzio sabia do potencial da história. E insistiu durante quase dois anos até conseguir a chance de falar sobre maconha em rede nacional fora do espectro da drogadição e do tráfico que ronda boa parte do mundo quando o assunto é Cannabis.

Do uso adulto ao medicinal

Enfim, Pannunzio conseguiu o aval da chefia para falar de Cannabis no horário nobre, mas colocou seu emprego em risco. O receio do editor era de que a matéria pudesse influenciar jovens a fumarem maconha. Então, a chance foi dada, mas não sem antes Fábio ser alertado de que se alguém acusasse a emissora de apologia, ele estaria demitido.

E foi nessa toada que o jornalista embarcou para começar a produção de um especial que traria a nova visão dos Estados Unidos, de Portugal e do Uruguai em relação ao uso da maconha. E, como toda boa pauta, um universo se abriu e a história se apresentou maior do que ela parecia inicialmente. Pannunzio foi até lá mostrar a mudança na cultura desses países em relação ao uso adulto da Cannabis, mas no Colorado (EUA) tudo mudou.

O jornalista teve contato com o uso terapêutico da maconha. Dessa vertente da aplicação da Cannabis surgiram personagens que compuseram seu especial que lhe rendeu mais um Prêmio Esso, o mais importante prêmio dado aos profissionais de imprensa no Brasil. Agora, Pannunzio tinha dois, além de uma menção honrosa.

Diante disso, sua credibilidade aumentou ainda mais. Sua fala sobre Cannabis se amplificou. O jornalista virou fonte e passou a dar sua opinião progressista sobre proibição das drogas, tráfico, benefícios medicinais, decisões governamentais, preconceito, moralismo, hipocrisia e tudo mais que orbita em torno do tema da Cannabis.

Com sua saída da Band em 2019, Pannunzio investiu em uma produtora e criou a TV Democracia, no YouTube, lançada em janeiro deste ano. Dentro da sua grade de programação está o Programa Canábico, onde o jornalista divide a “bancada” com a médica Carolina Nocetti e o advogado Marcus Maida para falar sobre o universo canábico. Porém, a ideia é ampliar e levar mais ativismo para o programa. O jornalista revela que deseja ter figuras como o Padre Ticão, que promove cursos de Cannabis Medicinal no salão de sua igreja em Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital paulista. Pannunzio quer levar a maconha em sua integralidade para quem tem interesse sobre o assunto e dar mais espaço para as diversas frentes de luta pela Cannabis.