A revolução sustentável do cânhamo no Alentejo para descarbonizar habitações

O cimento e o betão, fundamentais na construção convencional, são responsáveis por 4% a 8% das emissões globais

Publicada em 17/01/2024

A revolução sustentável do cânhamo no Alentejo para descarbonizar habitações
Leandro Maia

No coração do Alentejo, uma pequena empresa está a lançar as bases para uma revolução na construção civil, visando contribuir para a descarbonização do setor. Fundada em 2020, a Cânhamor está a explorar o potencial do cânhamo industrial como matéria-prima para a produção de blocos de construção, oferecendo uma alternativa sustentável aos tradicionais tijolos.

Os visionários por trás desta iniciativa são Elad Kaspin, israelita, e Khalid Mansour, palestiniano, que escolheram a pacífica região do Baixo Alentejo para estabelecerem sua fábrica de blocos de cânhamo em Ourique. O objetivo principal é combater as emissões de gases de efeito estufa associadas à construção civil, setor que responde por mais de um terço das emissões globais, de acordo com as Nações Unidas.

Descarbonização: como o cânhamo pode ajudar?

O cimento e o betão, fundamentais na construção convencional, são responsáveis por 4% a 8% das emissões globais, destacou The Guardian em 2019. Enquanto muitos setores procuram mudar suas fontes de energia, a construção civil também necessita reduzir a intensidade energética e a pegada carbónica dos materiais utilizados.

Neste contexto, a Cânhamor aposta no cânhamo, uma planta com crescimento rápido e notável capacidade de absorção de carbono. O sistema produtivo utilizado pela empresa, conhecido como "betão" LHC (light hemp concrete), promete um processo quase neutro em emissões. A Comissão Europeia destaca que um hectare cultivado com cânhamo armazena entre 9 e 15 toneladas de CO₂, tornando esse material uma opção com pegada "negativa".

Inovação na produção de blocos de cânhamo

A fábrica-piloto da Cânhamor, instalada desde 2020 em Colos, concelho de Odemira, começou a produzir blocos em novembro de 2021. Certificados e já utilizados em mais de 40 construções, esses blocos são pré-fabricados para garantir homogeneidade e facilitar o processo de certificação.

Segundo Elad Kaspin, dezenas de outras construções aguardam licenciamento, e a empresa está envolvida em concursos para a construção de habitações a custos controlados, alinhados com o Plano de Recuperação e Resiliência.

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O Impacto econômico e ambiental na região

Numa região onde as alterações climáticas já têm impacto nos solos e na disponibilidade de água, a Cânhamor surge como uma resposta inovadora e sustentável. O negócio não apenas promete impulsionar a economia local, mas também oferece uma alternativa verde ao setor da construção civil.

Com um investimento inicial de cerca de um milhão de euros, a Cânhamor pretende não só construir blocos, mas também deixar uma marca na agricultura local ao comprar matéria-prima diretamente de agricultores alentejanos.

A revolução sustentável do cânhamo no Alentejo está em pleno curso, e a Cânhamor assume a liderança, destacando-se como um exemplo de como a natureza pode ser uma aliada crucial na luta contra as mudanças climáticas. O futuro das construções pode muito bem estar nas mãos de plantas como o cânhamo, transformando o Baixo Alentejo num epicentro da inovação ecológica no setor da construção civil.

Este artigo foi elaborado com base nas informações disponibilizadas pelo jornal Público em 17 de janeiro de 2024. Para acessar o texto original, consulte: Público - "A partir do Alentejo, a Cânhamor quer ajudar a descarbonizar as nossas casas"