Por Amanda Campos

A indústria da cannabis tem crescido significativamente nos últimos anos, impulsionada por uma onda crescente de legalização em diversos países além de uma maior aceitação social para uso medicinal e recreativo. Com a expansão do mercado, torna-se essencial aprimorar os processos de cultivo e colheita, e, nesse contexto, a tecnologia assume um papel central, especialmente com a agricultura de precisão (AP). Essa técnica engloba o uso de sensores, dispositivos e softwares para monitorar e gerenciar, em tempo real, as condições de crescimento das plantações, assegurando mais eficiência e qualidade.

De acordo com a Embrapa, a AP se fundamenta na coleta, processamento e análise de dados temporais, individuais e espaciais das áreas de cultivo. Esse conjunto de informações é utilizado para aprimorar a tomada de decisões de gestão, aumentando a eficiência no uso de recursos, produtividade, qualidade, rentabilidade e sustentabilidade da produção agrícola.

Tecnologias de alto rendimento empregadas na cannabis

Algumas técnicas já são empregadas em países em que a produção de cannabis é legalizada, tais como:

• Sensoriamento remoto hiperespectral, com geração de imagens para análise detalhada de campos de produção, permitindo detecção precoce de estresses ou doença nas plantas;

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• Uso de aeronaves não tripuladas – drones, para escaneamento e otimização dos ciclos de crescimento e previsão da melhor época de colheita;

• Aplicativos e Softwares de modelagem preditiva de rendimento e produtividade;

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• Escaneamento 3D de plantas para medições morfológicas precisas;

• Câmaras de crescimento totalmente automatizadas;

• Algoritmos de aprendizagem de máquina para processamento rápido de dados e identificação de características agronômicas desejáveis, como sementes com quantidades máximas permitidas de THC e CBD, teores de óleo e terpenos quantificados com precisão.

   

Além dos benefícios às plantas, a AP pode ajudar na promoção da sustentabilidade dos cultivos, por exemplo, ao utilizar sensores e sistemas de irrigação inteligentes. Esses dispositivos garantem que cada planta receba a quantidade precisa de água e nutrientes – via fertirrigação, dependendo do estádio de desenvolvimento em que estão, minimizando o desperdício de recursos e aumentando a eficiência do sistema agrícola.

Alguns sensores medem mais de uma variável no mesmo dispositivo, como a umidade do solo, pH, condutividade elétrica (CE), intensidade da luz e Déficit de Pressão e Vapor (VPD), que basicamente é uma medida de diferença de pressão entre a umidade dentro e fora da folha da planta.

Aspectos legais

No Brasil, recentemente, foi decidido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que é possível importar sementes de cannabis, via CNPJ, da variedade conhecida como cânhamo industrial, que tem baixo teor de THC (tetrahidrocanabinol) – o princípio psicoativo da maconha. A permissão é válida desde que destinada à produção de medicamentos ou ao uso industrial farmacêutico, e aguarda a regulamentação a ser editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a liberação do cultivo.

A medida foi primordial para o start de buscas por equipamentos e técnicas que permitam extrair o máximo potencial do cultivo da cannabis, e nesse sentido, o time de pesquisadores do ICTCB tem feito pesquisas para a viabilidade do plantio do cânhamo industrial no Brasil, participando de feiras e conferências sobre o tema – amparado pelos aspectos legais.

Na indústria de cannabis, garantir a qualidade do produto e atender às normas regulatórias é parte essencial do processo em toda a cadeia produtiva. Tecnologias da agricultura de precisão permitem monitorar continuamente fatores como temperatura, umidade e luz, assegurando condições ideais para o cultivo. Esse controle rigoroso garante a qualidade e facilita a conformidade com as regulamentações do setor.