Alerta: casos de dengue mais que triplicam em 2024

Com um aumento expressivo dos casos em relação ao mesmo período em 2023, entenda como a cannabis pode ser uma aliada

Publicada em 06/02/2024

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O Brasil enfrenta uma alarmante escalada nos casos de dengue em 2024, registrando mais de 217 mil notificações nas quatro primeiras semanas do ano, conforme dados do Ministério da Saúde. Esse número representa mais que o triplo do registrado no mesmo período de 2023, que totalizou 65.366 casos. 

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Ministra da saúde, Nísia Trindade, visita a tenda de acolhimento e atendimento para casos suspeitos de dengue na cidade de Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

O cenário preocupante é agravado pelo aumento no número de mortes relacionadas à doença. O painel de monitoramento de arboviroses do governo contabilizou 15 óbitos confirmados e outros 149 em investigação, enquanto em 2023 foram registradas 41 mortes. 

Diante desse contexto desafiador, uma pesquisa conduzida pelo Programa de Pós-Graduação em Morfotecnologia , do Centro de Biociências da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lança luz sobre uma possível aliada surpreendente no combate ao mosquito transmissor da dengue: a cannabis, popularmente conhecida como maconha. 

A pesquisa, realizada em 2023, foi liderada pela enfermeira e pesquisadora Suelice Guedes da Silva Brito, sob orientação da professora Sônia Pereira Leite. Os resultados da primeira fase revelaram que o extrato bruto da Cannabis sativa provocou alterações nos embriões do Aedes aegypti, impedindo o desenvolvimento da larva do mosquito. 

A parceria entre a UFPE e a associação de pacientes Aliança Medicinal de Olinda, foi fundamental para o sucesso da pesquisa. A organização não-governamental, autorizada pela justiça a cultivar e comercializar os derivados da cannabis, forneceu o material essencial para o estudo. As larvas do Aedes aegypti foram expostas ao extrato bruto da planta, rico em tetrahidrocanabinol (THC), uma substância química presente na maconha. 

Após três dias de contato, os resultados foram surpreendentes. A membrana peritrófica, que protege o intestino das larvas, se rompeu, impedindo o desenvolvimento subsequente e, consequentemente, a transformação da larva em mosquito transmissor. 

WhatsApp Image 2024-02-05 at 15.20.20.jpeg“Este foi o resultado preliminar”, explica Suelice, que destacou a importância de uma descoberta exclusiva e única. “Nessa primeira fase, vimos a eficácia do extrato da cannabis no desenvolvimento da morfogênese do mosquito. Contudo, temos mais resultados submetidos em uma revista que aguarda publicação”. 

Segundo a pesquisadora, nesta nova etapa os testes mostram que a cannabis in natura pode ser usada como uma alternativa de controle epidemiológico, sem trazer danos aos seres humanos.  

“A cannabis tem várias possibilidades, precisamos explorar e levar as descobertas ao público.  Posteriormente teremos um livro com todo o estudo relacionado a essa pesquisa”, finaliza. 

É relevante salientar ainda que neste mês de fevereiro, o Ministério da Saúde iniciará a vacinação contra a dengue em 521 municípios. O Brasil se destaca como o pioneiro mundial ao oferecer imunização contra a dengue por meio de seu sistema de saúde público universal.  

A Qdenga, vacina aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023 e desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda, será integrada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) e administrada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O esquema vacinal consiste em duas doses, com um intervalo de três meses entre cada aplicação.