Cânhamo X Eucalipto: duas culturas, muitos impactos e um futuro sustentável
O engenheiro agrônomo José Martins revela tudo sobre o cultivo do cânhamo no Brasil, suas vantagens ambientais e econômicas em comparação com o eucalipto. Descubra como o cânhamo pode transformar indústrias e impulsionar a sustentabilidade no país!
Publicada em 13/02/2025
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Imagem Ilustrativa: Canva Pro
Se você ainda não se ligou no cânhamo, chegou a hora de prestar atenção! Essa planta, que é uma variação da cannabis, é uma verdadeira mina de ouro verde. E o melhor de tudo: sua versatilidade é um espetáculo! Desde o caule até as flores, cada pedacinho da planta tem uma utilidade, tornando o cânhamo uma das matérias-primas mais sustentáveis do planeta. E você sabia que dá para fazer desde roupas, calçados e até alimentos com ele? Pois é, o potencial é enorme, mas, aqui no Brasil, o cânhamo ainda não foi totalmente legalizado para produção.
Recentemente, uma decisão histórica do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a União e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentem o cânhamo industrial, com foco em sua utilização para fins medicinais, farmacêuticos e industriais. Essa regulamentação vai permitir o cultivo da Cannabis sativa com teor de THC inferior a 0,3%, e, quem sabe, colocar o Brasil na rota de grandes produtores dessa cultura.
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Em entrevista exclusiva ao Sechat, José Martins, engenheiro agrônomo e diretor técnico da FAI Therapeutics, nos contou um pouco sobre as vantagens de cultivar cânhamo em solo brasileiro. Ele também comparou o cânhamo com o eucalipto, que já é um grande nome na agricultura nacional.
Para Martins, o cânhamo tem tudo a ver com o Brasil. Ele afirmou que o cânhamo prefere solos mais planos, com pH entre 7,0 e 7,6, e pode ser cultivado em áreas mais interiores do país. Já o eucalipto, que se adapta a solos mais inclinados, tem uma faixa de pH mais ampla e é mais exigente em termos de drenagem. "Enquanto o cânhamo é cultivado em rotação com outras culturas, o que beneficia a biodiversidade, o eucalipto, que é mais intensivo, pode ter maior impacto ambiental", explica.
Mas e a rentabilidade? O cânhamo, com seu ciclo de cultivo de seis meses, pode gerar retorno mais rápido do que o eucalipto, que só realiza o primeiro corte aos 12 anos, conforme dados de países europeus. "A rotação de culturas e o uso diversificado do cânhamo aumentam a rentabilidade", pontua o especialista.
O cânhamo não só é uma boa pedida para quem pensa em sustentabilidade, como também traz uma gama de possibilidades industriais. Com mais de 50.000 aplicações possíveis, ele vai de fibras para tecidos até bioplásticos e medicamentos. Para Martins, em algumas situações, o cânhamo pode até substituir o eucalipto – "no papel tecnológico, por exemplo, o cânhamo leva a melhor", revela.
Mas a real revolução que o cânhamo promete só vai acontecer com a legalização. O cultivo ainda enfrenta grandes barreiras no Brasil, mas a regulamentação correta vai abrir portas para uma cadeia produtiva gigantesca. "O cânhamo vai diversificar a agricultura, gerar empregos e trazer desenvolvimento econômico, principalmente em áreas rurais", completa Martins.
Sobre o impacto ambiental, o especialista revela que, enquanto o eucalipto captura de 8 a 10 toneladas de carbono por hectare, o cânhamo pode chegar a 14 toneladas no mesmo espaço e tempo. "Em áreas degradadas, o cânhamo tem uma grande capacidade de absorção de metais pesados, e já foi usado, inclusive, para descontaminar solos em Chernobyl", destaca.
Cânhamo versus Eucalipto: uma batalha de gigantes
A comparação entre o cânhamo e o eucalipto revela um leque de vantagens para o cânhamo, especialmente no que diz respeito à sustentabilidade e versatilidade.
Enquanto o eucalipto é a estrela do papel e da celulose, o cânhamo é um coringa. Aqui vai um resumo do que cada um pode oferecer:
- Fibras e tecidos: o cânhamo oferece fibras resistentes e biodegradáveis, melhores para tecidos de alta qualidade. O eucalipto, com suas fibras mais curtas, é mais indicado para papel comum.
- Bioplásticos: o cânhamo sai na frente, oferecendo bioplásticos biodegradáveis para diversos setores. Já o eucalipto ainda está engatinhando nesse mercado.
- Energia: o cânhamo pode ser usado para biocombustíveis com impacto ambiental menor e o eucalipto, apesar de ser bom para biomassa, consome muita água.
- Construção civil: o cânhamo dá show com o Hempcrete, material sustentável e isolante. Já o eucalipto domina as madeiras de construção.
- Alimentos e medicamentos: enquanto o cânhamo é fonte de proteínas, óleos e até suplementos terapêuticos, o eucalipto é mais usado em tratamentos respiratórios e aromaterapia.
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“A regulamentação do cânhamo industrial no Brasil representa uma oportunidade significativa para diversificar a agricultura, promover a sustentabilidade ambiental e impulsionar a economia, especialmente em áreas rurais. Com o desenvolvimento de uma cadeia produtiva robusta e a superação dos desafios legais, o cânhamo pode se tornar uma cultura estratégica para o país”, finaliza Martins.
Se a regulamentação acontecer, o Brasil pode aproveitar o ensejo e se tornar um grande protagonista no cenário global. O que falta agora? Superar os obstáculos legais e investir em uma cadeia produtiva robusta para fazer o cânhamo decolar. Aguardemos os próximos capítulos.
Agro & Tech Cannabis
O Congresso Brasileiro de Cannabis Medicinal (CBCM) de 2025 vai contar com um novo módulo focado no setor agrícola e tecnológico: o "Agro & Tech Cannabis". Em parceria com a Embrapa, o evento organizado pela Sechat promete explorar o vasto potencial do cultivo do cânhamo e suas aplicações, ampliando a discussão sobre a viabilidade de sua produção no Brasil. Este módulo visa aproximar os principais atores do mercado canábico e do agronegócio, destacando inovações tecnológicas que podem transformar a cadeia produtiva de cânhamo no país.
Durante o congresso, especialistas de diversas áreas compartilharão seus conhecimentos sobre as melhores práticas agrícolas, processos de industrialização e os avanços em pesquisas científicas relacionadas ao cânhamo. O objetivo é destacar o papel estratégico dessa planta para a economia, com foco nas possibilidades de cultivo sustentável, na criação de novos mercados e no impacto ambiental positivo que o cultivo de cânhamo pode promover.
Além de discutir o uso medicinal da cannabis, o CBCM 2025 se tornará um espaço vital para o debate sobre o desenvolvimento econômico e tecnológico do setor. A colaboração entre a Embrapa e a organização do evento é um passo importante para fortalecer a agricultura de cânhamo no Brasil, promovendo um modelo mais eficiente e sustentável para a produção de derivados de cannabis. [CLIQUE AQUI E GARANTA SUA VAGA]