CBD é promissor para tratar depressão e tem efeitos colaterais mínimos, aponta nova revisão científica
Análise de pesquisas recentes focou alvos moleculares, farmacocinética e segurança do canabidiol
Publicada em 30/12/2024

Imagem ilustrativa: IA
Nova revisão científica publicada no International Journal of Neuropsychopharmacology conclui que o canabidiol (CBD), um dos compostos derivados da cannabis, é “candidato promissor” para o tratamento da depressão, destacando sua segurança em humanos e animais.
O estudo analisou artigos científicos recentes e é de pesquisadores em Jiangsu, China, dos departamentos de farmacologia da Universidade de Nantong, do Primeiro Hospital Popular de Yancheng e do Hospital Jiangyin de Medicina Tradicional Chinesa. Embora os efeitos antidepressivos já tivessem sido identificados em revisões anteriores, o foco atual foi a segurança do CBD, sua farmacocinética dele e seus alvos moleculares.
Vantagens notáveis, limitações mínimas
Um primeiro dado relevante da revisão é que os efeitos do CBD envolvem receptores como CB1, CB2, GPR55, 5-HT1A e PPARγ. Esses seriam alguns dos principais alvos moleculares do CBD no corpo humano. Contudo, eles não estão sozinhos, já que todo o processo de recepção e ação da substância no organismo envolve uma grande complexidade de outros receptores e mecanismos.
Os autores, a partir da análise, associam os notáveis efeitos antidepressivos do CBD à sua capacidade de reduzir inflamações e de estimular a formação de novas células cerebrais. Eles ainda reforçam que o resultado da revisão, de que o uso CBD aparenta ser altamente seguro, é corroborado por revisões sistemáticas e meta-análises de alta qualidade anteriores. Em geral, os efeitos colaterais seriam mínimos ou até mesmo inexistentes.
Um único e leve efeito adverso notado, após excluírem ensaios em epilepsia infantil, foi diarreia. Também foram apontadas algumas limitações: alta hidrofobicidade, baixíssima solubilidade em água e igualmente baixa biodisponibilidade oral-gastrointestinal. Esses fatores dificultam a administração do CBD.
Outro dado relevante, visto em humanos submetidos a um modelo experimental de ansiedade, foi o de que doses agudas únicas de CBD causaram um padrão de dose-resposta em forma de U invertido, o que estreita a janela terapêutica do composto.
Necessidade de alternativas terapêuticas
O relatório destaca a relevância de opções naturais para tratar a depressão, especialmente para pacientes que não respondem bem às terapias convencionais, como a cetamina. Em alta, por seus efeitos antidepressivos rápidos e robustos, a cetamina tem significativos efeitos colaterais psiquiátricos, psicotomiméticos, cardiovasculares e neurológicos.
Outras abordagens, como terapia eletroconvulsiva, também enfrentam limitações devido a complicações relacionadas ao tratamento. Nesse contexto, o CBD surge como uma alternativa com menos efeitos adversos, ganhando atenção como potencial terapêutico para condições crônicas e psicológicas.
CBD além da depressão
Pesquisas complementares indicam benefícios do CBD para ansiedade, má qualidade do sono e até mesmo dores menstruais. Em estudos com animais, como cães, o CBD também demonstrou reduzir significativamente estresse e ansiedade em situações específicas.
Embora promissor, o canabidiol ainda necessita de estudos adicionais para determinar doses, administração ideal e segurança a longo prazo. A pesquisa reforça seu papel potencial como alternativa terapêutica para a depressão e outras condições de saúde mental.
Fonte: Marijuana Moment