Esperança para famílias: CBD melhora sintomas do autismo em crianças e adolescentes
Estudo apresentado no Congresso Europeu de Psiquiatria 2025 indica que o canabidiol melhora o comportamento e a interação social em jovens com TEA, sem aumento de efeitos adversos
Publicada em 30/04/2025

pesquisa brasileira mostra benefícios do canabidiol em crianças e adolescentes com TEA | Imagem: CanvaPro
Uma nova meta-análise reacende as esperanças de muitas famílias que convivem com os desafios do transtorno do espectro autista (TEA). Pesquisadores brasileiros descobriram que o uso de extratos de cannabis ricos em canabidiol (CBD) pode melhorar significativamente os sintomas comportamentais em crianças e adolescentes com autismo, tudo isso com um perfil de segurança considerado favorável.
O estudo, liderado pela pesquisadora Lara Cappelletti Beneti Branco, do Centro Universitário São Camilo, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), foi apresentado no início de abril durante o Congresso Europeu de Psiquiatria 2025. Os dados reunidos são fruto de uma meta-análise, ou seja, uma revisão sistemática e robusta, de três ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo, envolvendo um total de 276 participantes, com idades entre 5 e 21 anos.
Os participantes foram tratados com extratos de cannabis contendo CBD, começando com doses de 1 mg/kg por dia, chegando até 10 mg/kg. Os resultados mostraram melhora significativa na resposta social e redução de comportamentos disruptivos, dois pontos centrais que impactam diretamente a qualidade de vida de quem vive com o espectro autista.
De acordo com os autores, os benefícios foram observados sem aumento relevante de efeitos adversos em comparação ao grupo placebo. Ou seja, os extratos de CBD foram bem tolerados, reforçando seu potencial como ferramenta terapêutica complementar.
“A prevalência global do diagnóstico de TEA entre crianças e adolescentes está crescendo, mas muitas opções de tratamento não são eficazes. É promissor observar o efeito do extrato de cannabis CBD nos participantes do estudo”, afirmou Lara Cappelletti.
Ainda segundo a pesquisadora, embora os resultados sejam encorajadores, é essencial que novos estudos, com maior número de participantes e diferentes perfis clínicos, sejam realizados para confirmar a eficácia e a segurança do composto.
TEA: caminho aberto para novas pesquisas
O transtorno do espectro autista afeta cerca de 1 em cada 100 crianças no mundo. Os sintomas variam, mas frequentemente incluem dificuldade de comunicação, expressão emocional limitada, além de comportamentos e rotinas repetitivas.
Essas características tornam o TEA um desafio não apenas para os pacientes, mas também para as famílias e profissionais de saúde.
Para o professor Geert Dom, presidente da Associação Europeia de Psiquiatria (EPA), os dados trazem uma nova perspectiva.
“Grande parte da frustração vivida por pais, médicos e pelos próprios jovens com TEA vem da dificuldade de encontrar uma opção de tratamento viável. É com satisfação que vemos os resultados desta meta-análise. Esperamos mais pesquisas para avançarmos rumo a soluções efetivas”, argumentou.
Cannabis medicinal no TEA: o que vem por aí?
O uso do canabidiol no tratamento do autismo já é uma realidade para algumas famílias no Brasil e no mundo, especialmente quando associado a terapias multidisciplinares. No começo do mês de abril, falamos sobre o autismo pós vida adulta e o benefício que a cannabis tem no tratamento.
Sem dúvidas, essa nova pesquisa oferece mais um passo rumo à consolidação científica do CBD como uma alternativa viável e segura, reforçando a necessidade de políticas públicas de acesso, regulamentação transparente e informação de qualidade.