Estudo na Suíça com 7 mil pessoas aponta consumo de cannabis de menor risco

Estudo realizado por universidades suíças apontou efeitos promissores na redução de danos e mudanças na política sobre a regulamentação da cannabis

Publicada em 13/03/2025

Estudo na Suíça com 7.000 participantes revela tendências promissoras de consumo de menor risco de cannabis, impulsionando debates sobre regulamentação

Imagem: Canva Pro

Os primeiros resultados do projeto piloto de cannabis recreativa na Suíça, que envolve 7.000 participantes, apontam uma tendência clara para o "consumo de menor risco". Conduzido por universidades locais, esse estudo faz parte de uma iniciativa mais ampla que visa influenciar reformas globais sobre o uso recreativo da substância.

Uma análise, que abrange sete testes piloto realizados pela Universidade de Lausanne e pela Universidade de Ciências Aplicadas do Noroeste da Suíça, revela dados significativos sobre o impacto do consumo controlado de cannabis. Promovidos pelo Departamento Federal de Saúde Pública (FOPH), esses estudos exploram diferentes modelos de venda e os efeitos sobre a saúde e o padrão de consumo da cannabis.

 

Redução de riscos e desestigmatização

 

Entre as conclusões mais relevantes, destaca-se que, embora os participantes tenham alterado seus padrões de consumo, há uma expansão visível para métodos de menor risco, como o uso de vaporizadores. Além disso, o estudo também aponta um efeito desestigmatizante, especialmente em testes realizados em farmácias e clubes sociais, onde associações sem fins lucrativos promoveram uma maior integração comunitária.

 

Impacto nas comunidades locais

 

Apesar das previsões iniciais, com possíveis impactos sociais adversos, até o momento não houve relatos de distúrbios públicos nem venda de cannabis para o mercado ilegal nas regiões onde os testes estão sendo realizados. A polícia, inclusive, tem se mostrado favorável aos experimentos, ressaltando que a legalização controlada permite concentrar os esforços em outras áreas da segurança pública.

O estudo também mostra uma evolução na postura dos partidos políticos locais, que recebem apoio crescente às iniciativas. Ao mesmo tempo, a cobertura da mídia tem sido amplamente neutra, destacando aspectos técnicos e os potenciais benefícios econômicos e sociais das mudanças.

 

Diferenças entre ensaios com e sem fins lucrativos

 

Uma diferença relevante entre os ensaios foi observada em formatos de testes com e sem fins lucrativos. Por exemplo, no caso de Grashaus, que possui fins lucrativos, houve um desafio maior em alinhar os interesses das empresas financiadas com os objetivos das equipes científicas, principalmente no recrutamento de participantes.

Já os estudos sem fins lucrativos mostraram uma abordagem mais proativa na promoção da prevenção, enquanto os testes com foco no lucro priorizaram a responsabilidade individual e adotaram estratégias de marketing mais agressivas.

 

Características dos participantes

 

Os participantes dos estudos são majoritariamente homens, com idade média de 36,6 anos e nível de escolaridade superior à média nacional. Aproximadamente 80% possuem diploma universitário, e estão distribuídos entre cantões como Basileia-Cidade, Berna e Zurique.