O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica caracterizada por níveis elevados de açúcar no sangue, ou hiperglicemia, que ocorrem de forma persistente devido à ineficácia da insulina. Aproximadamente 1% dos felinos, principalmente obesos, sedentários e idosos, são acometidos por essa patologia.

Um estudo de caso recente, envolvendo um gato de 18 anos, destacou os efeitos benéficos do uso de extratos ricos em canabidiol (CBD) como coadjuvante no tratamento da DM tipo 2. O paciente, um animal castrado e com sobrepeso, apresentava diabetes e dificuldades no controle glicêmico, mesmo com o uso de insulina e dieta específica.

Após três meses de tratamento sem os resultados esperados, foi adicionado um extrato de cannabis rico em CBD à insulina, com uma proporção de 1:24 de tetrahidrocanabinol (THC). A partir do início do uso do extrato de CBD, houve uma melhora significativa no controle glicêmico do animal e nos sinais clínicos associados à diabetes, como neuropatia e problemas comportamentais, comuns em gatos diabéticos.

O nível de glicemia, que antes era de 244,47 ± 17,07 mg/dL, passou para uma média de 147,88 ± 13,04 mg/dL. Além disso, houve uma redução na poliúria e na polidipsia. Não foram observados efeitos colaterais significativos durante o tratamento com o extrato de CBD, sugerindo um potencial promissor para o uso de fitocanabinoides como complemento no manejo do DM em felinos.

Os pesquisadores argentinos ressaltaram que o extrato de CBD melhorou a qualidade de vida do animal, normalizando seus ciclos de sono e aumentando sua atividade, sem efeitos adversos significativos, exceto por uma leve elevação na fosfatase alcalina (ALP). Contudo, mais estudos são necessários para compreender os mecanismos de ação dos fitocanabinoides e seu potencial no tratamento do DM em felinos.

Evidências científicas

Conforme outro estudo realizado em 2018, o CBD mostrou-se eficaz no tratamento de comorbidades associadas ao diabetes mellitus em camundongos. As propriedades neuroprotetoras do canabinoide ajudam a preservar os neurônios da retina e a barreira hematoencefálica, fatores fundamentais para prevenir complicações vasculares que afetam a visão e o cérebro dos diabéticos. Foram oferecidos benefícios na redução de tensão e estresse oxidativo, ambos cruciais para o desenvolvimento de complicações relacionadas ao diabetes.

O estudo também revelou um estresse moderado da enzima α-glicosidase, envolvido no metabolismo de carboidratos, o que pode contribuir para a redução dos níveis de glicose em modelos diabéticos. A pesquisa foi direcionada a complicações como a hipoperfusão cerebral crônica, frequentemente observada em pacientes diabéticos e que pode resultar em declínio cognitivo.