Estudo testa LSD para tratar ansiedade em cães idosos
Estudo inédito sugere que microdose de LSD ajudou a aliviar a ansiedade de separação em uma cadela idosa
Publicada em 11/08/2025

LSD em microdose alivia ansiedade em cadela idosa | CanvaPro
Uma cadela, sem raça definida, já com seus 13 anos de vida, não sabia lidar com o vazio da ausência, como se a cada porta fechada o mundo se tornasse um pouco mais hostil. Era a ansiedade que lhe tomava conta.
Foi justamente nesse contexto de angústia que um estudo ousado e inovador surgiu: e se uma substância conhecida por expandir mentes humanas pudesse, em microdoses, aliviar o sofrimento canino? Pesquisadores da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria, em parceria com a Associação Científica Psicodélica das Ilhas Canárias, decidiram dar um passo além dos tratamentos convencionais.
Durante 30 dias, a cadela recebeu uma microdose de 5 microgramas de 1cP-LSD, um análogo do LSD, com efeitos semelhantes, a cada três dias. O método era simples e cauteloso: o composto vinha escondido em um pedaço de presunto, servido no café da manhã.
O que poderia soar como ficção científica mostrou, na prática, resultados comoventes. A pontuação de ansiedade da cadela caiu de 29 (grave) para 14 (moderada), com redução expressiva no comportamento destrutivo e nas vocalizações durante a ausência dos tutores. E o mais surpreendente foi que esse efeito terapêutico se manteve por mais um mês, mesmo após o fim do tratamento.
Mais do que números: um novo olhar para o cuidado animal
O estudo, publicado no periódico Veterinary Medicine and Science, é o primeiro a relatar a eficácia da microdosagem de LSD para tratar ansiedade de separação em cães. Ainda que os autores reconheçam limitações importantes, como a ausência de placebo e a extrapolação da dose a partir de dados humanos, os resultados acendem uma nova luz sobre os caminhos da medicina veterinária.
A pesquisa também levanta discussões éticas delicadas, uma vez que os animais não consentem, tampouco compreendem os objetivos de um experimento. Por isso, os pesquisadores reforçam que o bem-estar animal deve ser prioridade, e que os efeitos a longo prazo da microdosagem psicodélica ainda são desconhecidos.
Cannabis em cena: outro horizonte terapêutico se abre
A microdosagem de LSD pode ser uma porta entreaberta, mas não é a única. A comunidade científica tem se debruçado sobre outras substâncias naturais com potencial terapêutico. A cannabis, por exemplo, vem sendo amplamente estudada na medicina veterinária, especialmente por seus efeitos ansiolíticos e anti-inflamatórios.
Em 2023, um estudo promovido pelo National Animal Supplement Council mostrou que o uso contínuo de CBD em cães é seguro, e outros relatos vêm reforçando sua eficácia contra doenças de pele, epilepsia, artrite e ansiedade. Em casos de intoxicação acidental por THC, o canabidiol também tem sido testado como uma alternativa para amenizar os efeitos adversos.
A FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) inclusive abriu uma consulta pública para ouvir tutores e veterinários sobre o uso de produtos derivados da cannabis em animais. A agência reconhece que há lacunas importantes de dados, mas considera essa uma prioridade regulatória.
Cuidar com ciência e sensibilidade
Num mundo em que cães são cada vez mais vistos como membros da família, pesquisas como essa não apenas ampliam as fronteiras da ciência, mas reafirmam o compromisso com o cuidado, o afeto e o bem-estar animal.
Quando um estudo se debruça sobre o sofrimento de uma cadela idosa e encontra, mesmo que experimentalmente, um alívio para sua solidão, não estamos falando apenas de dados, mas sim, de empatia.
Com informações de Marijuana Moment.
Leia também
Um olhar sobre as doenças de pets tratáveis com cannabis
Cannabis bom para cachorro: como a cannabis tem transformado a vida dos pets