“Não é milagre. É ciência, é escuta do paciente”, diz neurocirurgiã sobre o CBD no tratamento da epilepsia
Neurocirurgiã explica como o canabidiol atua no cérebro de pacientes com epilepsia farmacorresistente em episódio especial do Deusa Cast
Publicada em 12/09/2025

“Antes de entender o canabidiol, a gente precisa entender o sistema endocanabinoide”, destaca a neurocirurgiã Dra. Alessandra de Moura Lima no Deusa Cast. | Foto: Sechat
No mais recente episódio do Deusa Cast, o podcast do Portal Sechat, a conversa fluiu entre ciência, experiência clínica e esperança. A convidada da vez foi a renomada Dra. Alessandra de Moura Lima, neurocirurgiã, neurofisiologista e uma das vozes mais respeitadas quando o assunto é epilepsia farmacorresistente.
Com linguagem acessível e uma escuta generosa, a médica nos convida a mergulhar em uma explicação clara e reveladora: como o canabidiol atua no cérebro de pacientes com epilepsia. A resposta é mais poética do que parece, porque o CBD, ao invés de chegar “abrindo portas”, chega regulando o que há dentro delas.
A delicada arte de restaurar o equilíbrio
"A gente tem que entender o sistema endocanabinoide antes de falar sobre o canabidiol", afirma a doutora logo no início da explicação. Segundo ela, esse sistema é fundamental para manter a homeostase, ou seja, o equilíbrio das funções no nosso organismo. “É o sistema que ajuda a regular o sono, o humor, a atenção, a memória e a atividade elétrica cerebral. E é justamente aí que a epilepsia entra como um distúrbio onde esse equilíbrio é abalado, uma desorganização da atividade elétrica que resulta nas crises convulsivas”, explica a médica.
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Um modulador indireto e inteligente
Ao contrário do que muitos imaginam, o canabidiol não age diretamente nos receptores canabinóides (os famosos CB1 e CB2). Em vez disso, ele atua de forma indireta, ajudando o cérebro a se reorganizar. “Ele regula a liberação dos neurotransmissores, ajuda a diminuir o excesso de atividade elétrica, e com isso, reduz as crises”, detalha Alessandra.
Essa atuação indireta torna o CBD uma ferramenta sofisticada: ele não força, ele ajusta. Como um afinador de piano, encontra o tom certo para que o cérebro funcione em harmonia.
Epilepsia farmacorresistente: quando o remédio não basta
Dra. Alessandra coordena o grupo de epilepsia farmacorresistente do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e conhece de perto o drama de pacientes que não respondem às medicações tradicionais. Para essas pessoas, o canabidiol surge como uma alternativa segura, eficaz e, muitas vezes, transformadora.
"Não é milagre. É ciência, é estudo, é escuta do paciente", pontua com firmeza.
O episódio está disponível no YouTube e traz não apenas uma explicação técnica, mas uma abordagem afetiva e esperançosa sobre o tratamento da epilepsia com cannabis medicinal. Vale cada minuto da escuta.
Assista ao trecho do episódio aqui: