No Deusa Cast, Marcelo Grecco analisa por que o Brasil ainda não liberou o cultivo da cannabis

No episódio #46 do Deusa Cast, consultor canábico Marcelo Grecco analisa por que o medo político trava o avanço da cannabis no Brasil e como o país perde espaço no mercado global

Publicada em 16/10/2025

“Não é uma questão de esquerda ou direita — é quem está no poder e tem medo de avançar.”

“Não é uma questão de esquerda ou direita — é quem está no poder e tem medo de avançar", diz Marcelo Grecco | Foto: Sechat

O Brasil ainda hesita em liberar o cultivo da cannabis e do cânhamo industrial e, com isso, perde tempo, oportunidades e protagonismo global. No episódio #46 do Deusa Cast, com o tema “Brasil trava o futuro da cannabis?”, o consultor Marcelo Grecco trouxe uma reflexão lúcida sobre os bastidores desse atraso e sobre o que precisa mudar para o país avançar.


Com a presença da jornalista Luiza Silveira (Globo Rural) e do consultor Jaime Ozi, um dos pioneiros do mercado canábico no Brasil, o episódio mergulha em uma discussão essencial: até quando o medo político e a falta de informação vão impedir o país de colher os frutos de um mercado bilionário?


Cannabis no Brasil: o medo político trava o avanço


Para Grecco, o principal entrave não está na legislação, mas na postura dos parlamentares. “Alguns até entendem a pauta, mas têm medo de avançar. Não é sobre esquerda ou direita, é sobre quem está no poder e quem está no poder quer se reeleger”, afirmou.


Segundo ele, o receio de associar a cannabis a agendas eleitorais cria uma barreira que perpetua a estagnação. “Quando o tema aparece em programas como o Globo Rural ou no SPTV, começa a quebrar a bolha. O eleitorado, que eles tanto temem, começa a entender que estamos perdendo tempo".


Não dá pra reinventar a roda: o cânhamo é uma realidade


Grecco também alerta que o país insiste em “reinventar a roda” quando o assunto é regulamentação. “A cannabis é uma planta agrícola. O cultivo deveria estar sob o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), e não apenas na Anvisa. O Brasil tem experiência - fez isso com a soja. Era insignificante e hoje somos líderes mundiais”, pontuou.


Ele reforça que liberar o cultivo não significa desordem, mas planejamento: “Quem vai plantar é quem já entende de agricultura - farmacêuticas, cooperativas, indústrias. O importante é criar uma estrutura que conecte toda a cadeia produtiva”. 


Sem demanda, não há cultivo


O consultor lembra o erro de Nova York, que liberou o cultivo antes de estruturar o comércio, levando produtores à falência. “Precisamos de conexão: da semente à venda. O cultivo precisa estar amparado por uma demanda sólida e hoje o mercado medicinal, que já movimenta um bilhão de reais, é um bom ponto de partida”, explica.


Para Grecco, é hora de preparar o terreno: investir em tecnologia, capacitação e maquinário. “Não é só sair plantando. É entender o tipo de solo, de colheita, de destino. O Brasil tem potencial, mas precisa acordar para isso agora”.


Cânhamo no Brasil: estamos perdendo tempo e oportunidade


O tom final da fala de Grecco é um convite à ação. O Brasil tem solo, clima e capacidade técnica, mas precisa de visão. “Podemos aproveitar esse tempo para construir uma cadeia produtiva robusta, que envolva agricultores, indústria e ciência. Se demorarmos mais, perderemos o trem do futuro”, finaliza.


Assista agora ao corte completo com Marcelo Grecco e entenda por que o Brasil precisa destravar de vez o debate sobre a cannabis e o cânhamo industrial: