Novo centro de pesquisa quer descomplicar estudos com cannabis nos EUA

Lançamento do Centro de Recursos para Pesquisa de Cannabis e Canabinoides nos EUA sinaliza avanço na pesquisa científica sobre cannabis, promovendo alternativas terapêuticas e superando décadas de proibição.

Publicada em 07/05/2025

Novo centro de pesquisa quer descomplicar estudos com cannabis nos EUA

Universidade do Mississippi lidera novo esforço para fortalecer a ciência canábica nos EUA | Imagem: Divulgação/Facebook

A Universidade do Mississippi, conhecida por décadas como o único espaço autorizado pelo governo norte-americano a cultivar maconha para estudos científicos, está prestes a escrever um novo capítulo nessa história. Desta vez, com apoio direto do Instituto Nacional de Saúde (NIH), o campus sedia o recém-lançado Centro de Recursos para Pesquisa de Cannabis e Canabinoides,  o R3CR.


O nome pode até parecer técnico, mas o objetivo é direto: tornar a ciência sobre cannabis mais acessível, segura e bem orientada. Com uma bolsa do Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa (NCCIH), também ligado ao NIH, o projeto nasce da colaboração entre três instituições de peso: a própria Universidade do Mississippi (conhecida como Ole Miss), a Washington State University (WSU) e a Farmacopeia dos Estados Unidos (USP).


Quem acompanha de perto a cena científica sabe que pesquisar cannabis nos Estados Unidos ainda é, muitas vezes, como navegar por águas turvas. São muitas regras, poucos recursos e uma planta que, mesmo cheia de potencial, ainda está atrelada à lista das drogas mais restritas da legislação federal. O R3CR entra justamente para ajudar a desatar esses nós.


“O centro vai oferecer orientação regulatória, financiamento inicial, webinars e conferências para apoiar quem está na linha de frente das pesquisas. A ideia é empoderar os cientistas para que possam produzir evidências robustas e baseadas na ciência”, explicou Donald Stanford, diretor assistente do Instituto de Ciências Farmacêuticas da Ole Miss.

 

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Centro de Pesquisa dos EUA conta com apoio do governo e promete pesquisas robustas com a cannabis | Imagem: Divulgação/Facebook

 

Além disso, o centro terá um papel ativo na educação de pesquisadores sobre as exigências regulatórias, muitas vezes emaranhadas entre FDA, DEA e programas estaduais. Um dos nomes por trás desse esforço é o do Dr. Mahmoud ElSohly, velho conhecido da comunidade científica canábica, que liderou por anos os cultivos oficiais da planta na universidade. Ele será acompanhado por Robert Welch, diretor do Centro Nacional de Pesquisa e Educação sobre Cannabis da instituição.


Segundo Welch, o trabalho do novo centro será essencial para abrir caminhos. “Nem todos os pesquisadores sabem exatamente o que precisam para conduzir estudos com cannabis em humanos. A FDA e os estados querem que essa pesquisa avance, e nós estamos aqui para ajudar isso a acontecer”, explica. 


A criação do R3CR surge num momento simbólico. Em 2024, o governo Biden recomendou a reclassificação da cannabis da Lista I (a mesma de substâncias como heroína) para a Lista III, o que poderia tornar o ambiente regulatório menos punitivo e mais científico. 


A decisão ainda está sob análise da DEA, que por ora suspendeu novos avanços. Enquanto isso, o centro atua dentro das regras atuais, mas já com o olhar voltado para um futuro possível e mais justo, obviamente..
O NIH, por sua vez, já sinalizou que pretende ajudar com custos operacionais e técnicos, como o processo caro de registro junto à DEA, além de equipamentos de armazenamento e segurança para os estudos.


Para os cientistas e para quem acredita no potencial terapêutico e social da cannabis, o lançamento do R3CR é mais do que uma nova instituição: é um sinal de que a ciência está, pouco a pouco, ganhando espaço onde antes só havia proibição. “Todos nós temos alguém próximo que poderia se beneficiar de alternativas terapêuticas mais acessíveis e é  por essas pessoas que esse centro existe”, reflete Stanford.


Com informações do Marijuana Moment.