O cânhamo é o caminho para a autonomia nacional na produção de canabinoides, diz pesquisadora
Daniela Bittencourt enfatizou a necessidade de autorizar a Embrapa a realizar pesquisas com cânhamo e regulamentar a pesquisa no país
Publicada em 17/01/2024

Por redação Sechat
Segundo a pesquisadora Daniela Bittencourt da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o cânhamo poderia ser o caminho para a autonomia nacional na produção de canabinoides, permitindo ao Brasil deixar de importar óleo de Cannabis e fármacos. A defesa em prol da produção do vegetal em território nacional foi feita durante uma apresentação, em dezembro de 2023, na Comissão de DesenvolvImento Econômico da Câmara dos Deputados, em Brasília. Ela enfatizou a necessidade de autorizar a Embrapa a realizar pesquisas com cannabis, propondo a elaboração de um projeto detalhado para regulamentar a pesquisa no país.

“Podemos ter qualidade e, inclusive, desenvolver plantas com características fenotípicas específicas para a aplicação na medicina e indústria ”, sustentou a pesquisadora observando que a Embrapa tem expertise em tecnologias voltadas para a resistência às pragas, às condições climáticas adversas, podendo otimizar a produção a partir de estudos de técnicas de manejo consorciados.
A pesquisadora sugeriu que a importação de plantas para iniciar as pesquisas passaria pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que detém o mandato da Quarentena Vegetal, garantindo a proteção fitossanitária do material vegetal destinado à pesquisa que entra no território nacional. Ela destacou diversas vantagens econômicas, sociais e agronômicas que o Brasil poderia obter com o cultivo dessa planta, mesmo que a Embrapa não disponha de um banco de germoplasma com variedades de Cannabis.
Além disso, Bittencourt ressaltou os benefícios socioambientais e econômicos do plantio de Cannabis, destacando a capacidade da planta de aproveitar todas as suas partes, regenerar solos degradados e melhorar as vantagens provenientes da rotação de culturas. Ela também sugeriu o uso da edição gênica para controlar o componente psicoativo THC, possibilitando o desenvolvimento de variedades de Cannabis com características específicas para aplicações médicas e industriais.
A pesquisadora afirmou que a Embrapa possui a capacidade de trabalhar no desenvolvimento de variedades de Cannabis que não apresentem substâncias psicoativas, envolvendo diferentes expertises da empresa, como biologia sintética, edição gênica, meio ambiente e melhoramento genético.
Fonte: Embrapa