O segredo dos atletas para alívio pós-treino? Pesquisa revela tendência surpreendente

Pesquisa estadunidense aponta que 90,1% dos pacientes aceitariam o uso de CBD no tratamento da dor, enquanto 81,3% são favoráveis ao THC.

Publicada em 07/02/2025

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Imagem ilustrativa: Canva.

Um estudo publicado este ano na revista Orthopedics revelou que pacientes ortopédicos demonstram grande aceitação ao uso de produtos à base de cannabis, como tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD), para o tratamento de dores musculoesqueléticas. A pesquisa indicou que 81,3% dos entrevistados aceitariam o uso de THC, enquanto 90,1% estão receptivos ao CBD.

Conversamos com o Dr. Jimmy Fardin, médico ortopedista e colunista do Sechat, para entender melhor o tema. Questionado sobre os relatos de seus pacientes esportistas na clínica,

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Dr. Jimmy Fardin é médico ortopedista, especializado em cannabis medicinal, e colunista do Sechat.

 Jimmy confirmou que

 “o uso de canabinoides na ortopedia tem ganhado destaque principalmente para o tratamento de dores.”

 

 

Popularidade dos produtos de cannabis na ortopedia

 


A crescente popularidade desses produtos sugere que podem ser uma alternativa viável aos analgésicos tradicionais, como os opioides. Jimmy, na mesma linha, disse que o tratamento com cannabis, “normalmente indicado para dores crônicas e neuropáticas, vem ganhando espaço na desprescrição de opioides e nas dores agudas musculares”. 

O levantamento do estudo foi realizado com 182 pacientes da medicina esportiva ortopédica, que responderam a um questionário sobre sua familiaridade e disposição para utilizar THC e CBD no tratamento da dor.

Os resultados mostram que 61% dos participantes já conheciam produtos à base de THC, enquanto 63,2% tinham conhecimento sobre o CBD e seu uso para alívio da dor musculoesquelética. Além disso, 53,3% dos entrevistados relataram que amigos ou familiares utilizam CBD para controle da dor.

“Devido a poucos efeitos colaterais e à possibilidade de várias vias de uso, como tópico, oral e vaporizado, muitos atletas têm obtido benefícios no uso de tais derivados da planta para seu dia a dia na recuperação muscular”, ele esclarece, e vai além: “Uma vez que o acúmulo de citocinas inflamatórias e radicais livres geram dores musculares, diminuir tais efeitos gera benefícios para quem pratica exercícios de alta intensidade.”

Esses benefícios se refletem no resultado dos treinos e no bem-estar dos esportistas: “atletas e paratletas têm relatado benefícios tanto para recuperação muscular como para otimizar seus treinos, com menos dores e mais concentração e relaxamento”, segundo Jimmy.

A explicação para isso, de acordo com o médico é que “existem receptores cb1 principalmente na musculatura esquelética, que se beneficia muito com o uso dos produtos, pois modulam essa reação inflamatória, diminuindo as dores musculares depois dos treinos, possibilitando uma recuperação melhor e treinos mais efetivos”.

 

Impacto na crise dos opioides

 


A pesquisa também revelou que 85,3% dos pacientes acreditam que os produtos à base de cannabis podem ajudar na redução do uso de opioides, considerados altamente viciantes e frequentemente prescritos para dor crônica. O estudo destaca que os pacientes foram estatisticamente mais receptivos ao CBD do que ao THC (P = 0,017), reforçando a tendência de preferência pelo composto não psicoativo.

Indo mais a fundo, o ortopedista explicou que, como os canabinoides atuam “nos receptores opioides, canabinoides, vaniloides e nos receptores ativados por proliferador de peroxissoma (PPAR), consegue-se mais um aliado nas vias neurais da dor”.

 

Precisa-se de mais ortopedistas especializados

 

Diante da alta aceitação dos produtos à base de cannabis, os pesquisadores sugerem que os cirurgiões ortopédicos se atualizem sobre o tema, para aprender a orientar adequadamente seus pacientes. A crescente adesão desses produtos ao tratamento da dor pode representar uma mudança significativa na abordagem terapêutica para condições musculoesqueléticas, eles calculam, reduzindo a dependência de opioides e ampliando as opções para o manejo da dor.