Paraguai pode arrecadar até USD 81 bilhões com nova lei do cânhamo industrial
Nova lei do cânhamo industrial no Paraguai pode gerar até USD 81 bilhões em receitas fiscais, beneficiar 10 mil pequenos produtores e impulsionar exportações e sustentabilidade ambiental
Publicada em 07/04/2025

(Imagem: CanvaPro)
Com a promulgação de uma nova legislação que amplia o marco regulatório do cânhamo industrial, o Paraguai pode arrecadar até USD 81 bilhões em receitas fiscais.
A estimativa é de Nicolás Paredes, vice-presidente da Câmara do Cânhamo Industrial do Paraguai (CCIP), que destaca o forte impacto socioeconômico do setor, especialmente entre agricultores em situação de vulnerabilidade.
Desde 2019, o país já regulamenta o cultivo do cânhamo industrial — uma variedade de Cannabis com teor de THC de até 0,5% — utilizado na produção de alimentos, cosméticos, suplementos e produtos terapêuticos. Atualmente, o cultivo ocorre em 14 dos 17 departamentos paraguaios, com mais de 200 produtos derivados em circulação.
Inclusão social e geração de renda
Segundo Paredes, a cadeia do cânhamo no Paraguai é construída com foco no tripé econômico, social e ambiental. Do ponto de vista social, o setor tem potencial para incluir mais de 10 mil pequenos produtores, muitos deles pertencentes a comunidades indígenas e em situação de pobreza extrema.
“Em um único ciclo de cultivo, é possível transformar radicalmente a realidade dessas famílias, que saem da pobreza extrema para um patamar de estabilidade econômica”, afirma o executivo.
Ele ressalta ainda que a regulamentação pode ser uma alternativa eficaz para reduzir a criminalidade, ao oferecer uma atividade formal para agricultores que atualmente vivem da produção ilegal de Cannabis.
Impacto ambiental e vocação exportadora
Além dos benefícios sociais e econômicos, o cânhamo também tem alto potencial de regeneração ambiental. Estima-se que um hectare da planta seja capaz de capturar até 72,22 toneladas de carbono, ajudando na descontaminação do solo e na melhora da qualidade do ar.
A produção paraguaia já chegou a mais de 30 países, com destaque para Estados Unidos, Canadá, Brasil, Espanha e Alemanha. Os mercados variam entre a demanda por matéria-prima in natura e produtos com maior valor agregado, como óleos e suplementos.
Novo marco legal e potencial tributário
Nos últimos cinco anos, o setor avançou significativamente. O país já conta com cerca de 30 dispensários especializados na venda de produtos derivados do cânhamo industrial. Agora, a proposta de lei em tramitação pretende flexibilizar o limite de THC e criar um modelo tributário semelhante ao do tabaco e do álcool, com alíquota de 18%.
Se legalizadas e reguladas as 30 mil hectares hoje destinadas ao cultivo ilegal, o retorno financeiro poderia superar os rendimentos de estatais binacionais, como Itaipu.
Atualmente, um hectare de Cannabis para uso adulto pode render ao agricultor cerca de 190 milhões de guaranis por safra (quatro meses) — valor que ultrapassa em muito o obtido com cultivos tradicionais como soja, milho ou trigo.
A Câmara do Cânhamo Industrial espera que a nova lei seja aprovada ainda este ano. Na primeira etapa, a proposta prevê o envolvimento de 10 mil produtores em parceria com órgãos como o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG), Ministério da Indústria e Comércio (MIC) e a Senad.
Com a expectativa de que a regulamentação entre em vigor já na próxima primavera, o cânhamo industrial se posiciona como uma das maiores apostas econômicas e sociais do Paraguai nos próximos anos.
*Com informações da assessoria da CCIP