Mercado em expansão impulsiona inauguração da primeira farmácia de produtos de cannabis regulados pela Anvisa no Paraná

Curitiba recebe primeira farmácia exclusiva de cannabis medicinal, em um mercado que cresceu de R$ 38,5 milhões em 2022 para R$ 237,8 milhões em 2025, enquanto o Paraná responde por apenas 2,4% das vendas, indicando grande potencial no estado de 11 milhões de habitantes

Publicada em 22/08/2025

Paraná recebe a primeira "farmácia de cannabis medicinal" com produtos regulamentados pela Anvisa

Imagem Ilustrativa: Canva Pro

O Brasil terá a partir de setembro, sua primeira farmácia exclusiva de produtos medicinais à base de cannabis registrados na RDC 327/2019 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A unidade será inaugurada em Curitiba, Paraná e disponibilizará todos os tipos de canabidiol (CBD) a pronta entrega.

O mercado de cannabis medicinal no Brasil vive uma fase de expansão acelerada dentro das farmácias. Segundo dados da Close-Up, entre março de 2022 e março de 2025, as vendas no canal cresceram de R$ 38,5 milhões para R$ 237,8 milhões, um salto de 517% no período.

O crescimento não se restringe ao faturamento: em número de unidades comercializadas, a evolução foi ainda mais expressiva. O volume saltou de 70,4 mil produtos vendidos em 2022 para 657,4 mil em 2025, indicando que a demanda do consumidor brasileiro acompanha o ritmo de expansão do mercado.

O levantamento mostra que as grandes redes de farmácias seguem líderes absolutas, respondendo por 71,1% das vendas em 2025. Analisando o desempenho dos estados, São Paulo lidera as vendas em farmácias com 28,4%, seguido por Rio de Janeiro (11,9%), Minas Gerais (9,8%) e Rio Grande do Sul (8,3%), que juntos concentram mais da metade do mercado. Já o Paraná aparece com apenas 2,4%, apesar de ter 11,8 milhões de habitantes e forte relevância econômica - o PIB do estado cresceu 5% no 1º trimestre de 2025, quase o dobro da média nacional, alcançando R$ 210,9 bilhões. O baixo percentual em vendas indica um mercado pouco explorado, com grande potencial para ampliar a divulgação e o acesso à cannabis medicinal no estado.

É nessa oportunidade que a empresa se agarra. Michele Farran, uma das sócias da Cannabis Company, explica que a farmácia vai funcionar como qualquer outra, mas com foco exclusivo em produtos à base de cannabis. “Seremos um ponto de venda normal, mas apenas com produtos de cannabis”, afirma.

 

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Tarsila Tomaz Lins Couto, farmacêutica da Cannabis Company. Imagem: Divulgação

Segundo a empresa, os produtos têm origem rastreável, certificações e são fornecidos por laboratórios como Green Care, Green, Herbarium, Biofarma, Ease Labs e Pratis, todos com rigoroso controle de qualidade. “Vamos seguir todas as regras, de A a Z, para garantir um produto seguro e eficaz para nossos clientes”, reforça Tarsila Tomaz Lins Couto, farmacêutica da empresa.

A farmácia começa a operar em setembro, em Curitiba, de segunda a sexta, das 9h às 18h. Apesar da inauguração local, Michele revela a intenção de expandir: “Queremos fomentar nosso nome, firmar e poder levar para outras regiões do Brasil”.

 

Semente do querer

 

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 Michele Farran, uma das sócias da Cannabis Company. Imagem: Divulgação

 

A motivação para o projeto nasceu de uma experiência de vida. Michele foi diagnosticada com artrite reumatoide e, após anos de tratamentos convencionais sem resultados satisfatórios, encontrou no canabidiol uma alternativa eficaz. Os efeitos positivos transformaram sua qualidade de vida: menos dores, mais disposição e retomada de uma rotina saudável. Essa vivência despertou o desejo de ampliar o acesso à cannabis medicinal para outros pacientes.

“Hoje, ainda há muito preconceito. Muitas pessoas não sabem por onde começar, já ouviram falar dos tratamentos, mas não têm ideia de como funcionam. Nós queremos ajudar também nessa tarefa”, explica. Além de comercializar os produtos, a empresa pretende atuar como canal de orientação, conectando pacientes e profissionais de saúde com informações confiáveis, apoio e empatia.

 

Perspectivas para o mercado 

 

Michele também destaca a revisão em andamento da RDC 327/2019 pela Anvisa como propulsora do negócio. “A mudança será muito bem-vinda. A chegada de novos produtos e novas vias de administração, como pomadas e gummies, deve impactar positivamente este mercado”, projeta.  

De acordo com pesquisas de mercado, encomendada por uma farmacêutica, as atualizações da RDC que regula a venda em farmácias e drogarias do país, indicam potencial de crescimento do mercado brasileiro em até R$ 15 bilhões até 2034. O cenário considera a expansão do uso da cannabis medicinal em áreas como odontologia, dermatologia e farmácias de manipulação, além de um possível abrandamento das regras de prescrição.

 

Uso terapêutico do canabidiol ganha espaço

 

Reconhecido cada vez mais pela ciência e pela comunidade médica, o canabidiol é considerado aliado no tratamento de diversas condições de saúde. “Os usos mais tradicionais da cannabis medicinal incluem o manejo da dor crônica, associada à artrite, fibromialgia e dor neuropática, além do auxílio no tratamento de epilepsia, esclerose múltipla e no controle de náuseas e vômitos”, explica Tarsila.

A substância também vem sendo estudada para o cuidado de doenças neurológicas, como Alzheimer, Parkinson e Síndrome de Tourette, e mostra potencial no tratamento de ansiedade, depressão e distúrbios do sono — contribuindo para uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.