CBD pode aliviar sintomas do autismo, revela nova pesquisa

Estudo da USP e Fiocruz mostra que o canabidiol pode reverter sintomas associados ao autismo em modelo animal, abrindo caminho para novos tratamentos do TEA

Publicada em 01/09/2025

Pesquisa brasileira indica que o CBD pode aliviar sintomas do autismo em testes com animais

USP e Fiocruz: estudo em camundongos mostra potencial do canabidiol para aliviar sintomas do autismo | CanvaPro

Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) verificaram, em testes com camundongos, que o canabidiol conseguiu reverter diversos sintomas característicos do TEA. Os achados foram publicados na revista Pharmacology Biochemistry and Behavior.


Os animais, expostos ao ácido valproico (VPA) ainda na fase embrionária, apresentaram prejuízos cognitivos, dificuldades de interação social e comportamentos repetitivos – características comuns no autismo. 

Após o tratamento com CBD, houve melhora significativa: os roedores mostraram aumento da sociabilidade, restabelecimento do processamento de informações e reversão de déficits cognitivos.


Os resultados reforçam o potencial do canabidiol como alternativa terapêutica, embora ainda em fase pré-clínica, destacou o pós-doutorando João Francisco Cordeiro Pedrazzi, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), sob supervisão do professor José Alexandre Crippa.


Estudos clínicos em andamento


Embora o uso de CBD em pacientes com TEA já aconteça de forma off-label, os pesquisadores ressaltam a necessidade de estudos clínicos robustos. Pedrazzi informou que sua equipe finalizou recentemente um ensaio clínico comparando CBD e placebo em crianças autistas, com resultados a serem divulgados em breve.


Hoje, as opções de tratamento incluem principalmente terapias comportamentais e medicamentos como antipsicóticos e antidepressivos, que podem gerar efeitos colaterais de longo prazo. Nesse cenário, o CBD surge como uma alternativa que merece investigação mais profunda.


No Brasil, o acesso ao canabidiol vem avançando. Desde 2023, o SUS em São Paulo distribui gratuitamente medicamentos à base de CBD, medida que aumenta a possibilidade de pacientes testarem o composto de forma segura. Para os pesquisadores, ampliar estudos multicêntricos e registrar medicamentos específicos para o TEA será essencial. 

 

Com informações do Jornal da USP.

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