Por que maconha dá fome?

Pesquisa revela os mecanismos cerebrais por trás da "Larica" causada pelo uso adulto da cannabis

Publicada em 07/02/2024

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Estudos recentes realizados por pesquisadores da Universidade Estadual de Washington nos Estados Unidos lançam luz sobre os mecanismos cerebrais que provocam a conhecida sensação de fome após o consumo de maconha, fenômeno popularmente chamado de "larica". Os resultados da pesquisa destacam potenciais aplicações medicinais da cannabis, especialmente no auxílio ao tratamento de pacientes com câncer que enfrentam a perda de apetite.

Os cientistas expuseram ratos e camundongos ao vapor de cannabis, simulando condições equivalentes ao consumo humano. Observou-se um aumento na frequência alimentar desses animais após a exposição à maconha. A análise da atividade neural revelou a ativação de neurônios específicos no hipotálamo mediobasal, uma região do cérebro associada ao controle do apetite.

Os compostos químicos da cannabis, conhecidos como canabinoides, desempenham um papel crucial nesse processo. O delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD) ativam os neurônios no hipotálamo por meio do receptor de canabinoide-1 (CB1), conhecido por estimular o apetite. A pesquisa também revelou que a visão de comida resulta em uma ativação mais intensa desses neurônios.

A utilização medicinal da maconha para estimular o apetite, especialmente em pacientes submetidos à quimioterapia ou que enfrentam anorexia, tem sido alvo de estudos. O pesquisador Donald Abrams, oncologista da Universidade da Califórnia, destaca que a cannabis é um tratamento anti-náusea único que também estimula o apetite, além de ser eficaz contra dor, insônia, ansiedade e depressão.

Embora medicamentos sintéticos tenham sido desenvolvidos para replicar os efeitos da cannabis, a pesquisa destaca a eficácia da cannabis vaporizada. O estudo ressalta a importância de considerar diferentes formas de administração para obter resultados mais consistentes.

Essas descobertas oferecem uma contribuição valiosa para a compreensão dos efeitos da maconha no apetite e abrem caminho para potenciais aplicações terapêuticas. O oncologista Abrams, com sua experiência de quatro décadas, reforça a recomendação da cannabis como uma opção multifuncional para melhorar a qualidade de vida de pacientes enfrentando desafios relacionados ao câncer.

Fonte: DW